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Ministro italiano causa polêmica ao falar que Dante é de direita

Sangiuliano diz que poeta foi fundador do pensamento da direita

Sangiuliano causou revolta por fala em políticos da oposição

Redazione Ansa

(ANSA) - Mais uma polêmica declaração foi dada pelo ministro da Cultura da Itália, Gennaro Sangiuliano, neste sábado (14) ao participar de um evento do partido Irmãos da Itália (FdI), da premiê Giorgia Meloni. Dessa vez, o caso envolve o principal poeta e escritor da história do país, Dante Alighieri (1265 - 1321).

"O fundador do pensamento da direita na Itália foi Dante. A direita tem cultura e deve afirmar isso. Aquela visão do humano, da pessoa, encontramos em Dante, mas também a sua posição política que acredito ser profundamente de direita. Mas, eu acho que nós não devemos substituir a hegemonia cultural da esquerda, a gramsciana, para outra hegemonia de direita. A cultura deve ser libertada", afirmou durante o evento.

A reação foi imediata tanto de políticos de centro-esquerda como também da própria centro-direita italiana.

"Se o ministro Sangiuliano vai incomodar Dante para encontrar uma referência cultural da direita, o ministro da cultura tem algum problema com a história e Meloni tem problemas para escolher os seus ministros", disse o presidente do Grupo Ação-Itália Viva, de centro, no Senado, Raffaella Paita.

Já um dos porta-vozes do Europa Verde e deputado da Aliança Verde e Esquerda, Angelo Bonelli, disse que "não estava acreditando" no que o ministro falou.

"Esse ministro da Cultura fica fazendo referências culturais erradas porque deveria saber que Dante, em 1302, estava com os Guelfos Brancos e foi exilado pelos Guelfos Negros. No exílio, ele mesmo dizia que queria um Estado laico, atacava duramente o transformismo da política e desejou a fundação reguladora do direito e da sociabilidade do homem, temas que não são próprios da direita de Meloni. Nosso conselho ao ministro é deixar Dante quieto porque as referências da direita de hoje são [Donald] Trump e [Jair] Bolsonaro", afirmou em nota.

A chefe do comitê de Cultura do Partido Democrático, de centro-esquerda, Irene Manzi, também se manifestou e pediu para que o ministro "deixe Dante quieto".

"Nós sabemos que é uma ótima fonte de publicidade e que o ministro gosta de falar a palavra liberdade. Mas, não vamos usar o pai da língua italiana para análises risíveis e caricatas. Ao invés de pensar em governar, na inflação que come os salários, na gasolina cara, eles agora querem possuir Dante. Se o momento do país não fosse dramático, eu ia rir disso", acrescentou.

O diretor Pupi Avati, que fez um filme sobre a história de Dante, afirmou à ANSA que a fala sobre o sumo poeta "é um pouco pretensiosa" porque "no sentido do valor que Dante tem, o motivo pelo qual ele sobrevive até hoje, e viverá além de hoje, é a sua dimensão poética, imensa, misteriosa, e não a sua posição política". (ANSA).
   

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