(ANSA) - A história de uma mulher não convencional para a época em que vivia, no fim dos anos 1800, que é marcada por talento, um espírito livre e a forte personalidade. Assim é Lidia Poët, a primeira mulher a atuar como advogada na Itália e que virou série na Netflix.
A sua crença é sempre ser anticonformista, não se juntando às "opiniões comuns" do período e pensando sempre fora da estrutura tradicional e das regras do sistema da época. Assim ela é retratada na série "As leis de Lidia Poët" de seis episódios ambientados em Turim.
Como os próprios atores afirmam, há muita licença poética na apresentação, já que há poucas informações sobre a vida real da advogada. Mas, o diretor Matteo Rovere deu o máximo de detalhes possíveis sobre a ambientação e as "cores" da série.
O que é fato: Lidia Poët foi a primeira mulher a se formar em Direito e a pedir a inscrição na Ordem dos Advogados de Turim em 1883. O pedido foi aceito e depois anulado por uma sentença da Corte de Apelação, a segunda instância da justiça italiana. O motivo? O fato de ser uma mulher.
Por mais de 30 anos ela não pode exercitar sua profissão apenas porque as regras não permitiam que mulheres atuassem como advogadas. Mas, até hoje, sua figura não é estudada nas universidades de Direito - e a série tenta, ao menos parcialmente, dar um reconhecimento póstumo a ela.
"A série que nós escrevemos não é a história de sua vida. Poderia ser definida como uma procedimento clássico, com os casos de destaque, os homicídios, as investigações e os jogos de cena finais. Mas, para além dos casos individuais, para além do mundo do fim dos anos 1800 que nós nos divertimos em reconstruir, para além dos julgamentos e dos encantos da nossa protagonista, o essencial para nós é o seu espírito - e quero usar uma palavra, a mais justa para defini-lo: anticonformismo", disse Rovere.
Outro ponto é também mostrar a ousadia da história de Poët ao mesmo tempo em que o mundo passava por uma grande transformação, com a chegada da luz elétrica (Turim foi a primeira cidade italiana a ter o serviço), do telefone e da imprensa.
Já o guarda-roupa da protagonista foi inspirado nos tecidos da histórica Tessitura Luigi Bevilacqua, de Veneza, onde até hoje se produzem veludos a mão por métodos centenários.
A série que se passa em Turim também fez de tudo para tentar se parecer com a cidade naqueles anos - o que exigiu a cobertura de grandes áreas atuais das locações nas gravações externas.
Além disso, os produtores construíram a primeira "máquina da verdade" com base nos desenhos originais italianos e também o muro externo da casa de Poët - que precisou ser montado e desmontado três vezes por conta da neve que caiu na cidade.
Entre alguns pontos usados pela produção para a gravação estão a Ex Curia Maxima, da rua Corte d'Appello, o Palazzo Falletti Barolo e o Palazzo dei Cavalieri, o Museu del Carcere Le Nuove e a icônica Praça Cavour. (ANSA).