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Filme italiano sobre rapto de judeu por Papa estreará no Brasil

Longa 'O Sequestro do Papa' chega aos cinemas em 11 de julho

Novo filme de Bellocchio narra uma história real

Redazione Ansa

O novo filme do diretor italiano Marco Bellocchio sobre a história real de um menino judeu sequestrado pelas autoridades papais para se tornar padre no Vaticano estreará nos cinemas do Brasil no próximo dia 11 de julho.
    A produção "O Sequestro do Papa" foi indicada em 11 categorias no "David di Donatello" - o Oscar italiano -, incluindo melhor filme, diretor e roteiro adaptado, e venceu melhor figurino, maquiagem e cabelo.
    Bellocchio, que assina o roteiro com Susanna Nicchiarelli e Edoardo Albinati, narra uma das histórias que chocou a Itália no século XIX, a do menino judeu Edgardo Mortara, de seis anos, sequestrado em 1858 pela Igreja Católica, por uma perspectiva politizada e crítica.
    Sofrendo de uma grave doença infantil, Mortara teria sido submetido a um rápido rito de batismo realizado por uma empregada, cristã, que acreditava que ele morreria.
    A Igreja afirmou ter recebido um relatório sobre o episódio, e assumiu a guarda do menino, justificando que havia uma lei proibindo não católicos de criar uma criança católica.
    Mortara foi então levado ao clero sob a custódia do papa Pio IX, para receber uma educação cristã. Os pais, abalados e incrédulos, fizeram de tudo para ter seu filho de volta, mas o pontífice não aceitou devolver o menino.
    Ele só retornou aos pais quando já era adolescente, 12 anos depois, mas a família entrou em conflito a respeito da fé adquirida e Mortara decidiu retornar para Roma e tornar-se sacerdote.
    O longa fez sua estreia na mostra competitiva do festival de Cannes e também foi exibido nos Festivais de Toronto e Nova York. Em entrevista, Bellocchio conta que a ideia do filme sempre foi a de centrar em fatos estritamente históricos documentados antes de deixar a imaginação cobrir as lacunas dessa história.
    "Sabemos muito pouco sobre a vida privada dos personagens, por exemplo. A estrutura do filme é sustentada por vários pilares históricos: o sequestro em 1858, o julgamento em 1860 e a captura de Roma em 1870", explicou.
    O cineasta italiano conta ainda que o longa é sobre o poder da Igreja que atravessa séculos e chega até o presente.
    "Naturalmente, o que Eduardo Mortara viveu nunca poderia acontecer hoje, numa época de diálogo aberto e de um Papa de mente extremamente aberta. Naquela época, havia de fato a sensação de que a fé católica não podia ser abalada", acrescentou Bellocchio.
    Por fim, destacou que "este filme não busca colocar um lado contra o outro", mas o "destino deste homem falou comigo e me inspirou. Sua história me encheu de sentimento e tensão. Essas emoções abriram o caminho para moldar o filme. Minha empatia vai claramente para a criança que sofreu um ato de extrema violência".

A produção chega ao Brasil com distribuição da Pandora Filmes. (ANSA)

 


   

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