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Papa é questionado por 'silêncio da Igreja' sobre rapto de judeu

Caso de Edgardo Mortara foi contado pelo diretor Marco Bellocchi

Redazione Ansa

(ANSA) - O escritor italiano Daniele Scalise, autor de um romance sobre a história de Edgardo Mortara, um menino judeu de 6 anos de Bolonha que foi sequestrado em 1858 pela Igreja Católica, questionou o papa Francisco nesta quarta-feira (23) sobre o silêncio do Vaticano em relação ao caso.

"Espero que você, papa Francisco, possa finalmente compartilhar tudo com o mundo e conosco, que muitas vezes vivemos confusos e irritados, um pensamento sobre um crime que foi cometido contra uma pessoa indefesa, contra a sua família e contra toda a humanidade", escreveu Scalise, que publicou o livro "Il caso Mortara" sobre o caso, em uma carta aberta.

De acordo com o escritor, o menino "foi arrebatado dos braços de sua mãe e de seu pai - pelos guardas papais" e "sua única culpa foi ser judeu e ter sido submetido, ainda em criança e de forma abusiva, a um rito batismal rápido, e de outra forma incompleta, pelas mãos de uma empregada cristã que acreditava que ele estava morrendo".

Na carta, Scalise fala do "silêncio da Igreja Católica", "depois de 165 anos", sobre o caso, que também foi contado pelo diretor Marco Bellocchio, no filme "Rapito", cuja estreia ocorreu em maio passado.

Mortara foi retirado da convivência da família em Bolonha para levado para o mundo católico sob a custódia do papa Pio IX.

Segundo as declarações de uma empregada doméstica, o menino havia sido batizado secretamente aos seis meses.

A lei papal é inquestionável e prevê que a criança deveria receber uma educação católica. Os pais, abalados e incrédulos, fizeram de tudo para ter seu filho de volta, mas o Pontífice não aceitou devolver o menino, que cresceu na fé católica.

"Não tenho as qualificações nem a vontade de transmitir lições éticas, preso como estou na busca frenética de quem, se é que alguma coisa, pode me oferecer essas lições, mas estou cada vez mais convencido de que se a palavra pode curar, sua inação corre o risco de nos deixar ainda mais doentes. Crentes e incrédulos. Judeus e cristãos. Vivos e mortos", concluiu Scalise. (ANSA).
   

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