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Itália lembra 10 anos de tragédia com 368 mortos no Mediterrâneo

Desastre colocou crise migratória no centro do debate político

Manifestação em Lampedusa por 10 anos de naufrágio com 368 mortos

Redazione Ansa

(ANSA) - A Itália lembra nesta terça-feira (3) os 10 anos do naufrágio que matou 368 pessoas na costa da ilha de Lampedusa, tragédia que colocou a crise migratória no centro do debate político nacional e na União Europeia.

O desastre de 3 de outubro de 2013 é um dos piores da história do Mediterrâneo e foi o estopim para a criação da operação militar italiana Mare Nostrum, destinada a resgatar barcos superlotados na região.

Mais tarde, a iniciativa foi substituída por uma força-tarefa da UE, que depois seria descontinuada por divergências entre os Estados-membros. Até hoje, agências humanitárias e grupos progressistas pedem o restabelecimento de uma missão naval de socorro no Mediterrâneo Central para evitar novos naufrágios.

A maioria dos ocupantes do barco era formada por eritreus, somalis e ganeses, que pagaram cerca de US$ 3 mil (em valores da época) cada um a traficantes de seres humanos para fazer a viagem.

"Recordamos hoje com profunda comoção o trágico naufrágio de 10 anos atrás, no qual perderam a vida 368 pessoas. Desde então, muitas tragédias se repetiram, e é nosso dever colocar fim a esse massacre, inclusive impedindo a partida de embarcações", disse a premiê Giorgia Meloni, criticada pela oposição por não enviar representantes do governo para cerimônias em memória das vítimas em Lampedusa.

A primeira-ministra sempre fez da questão migratória seu cavalo de batalha e, desde que chegou ao poder, já aprovou medidas para restringir a atividade de ONGs que realizam socorro marítimo e para reforçar o sistema de repatriação da Itália.

"A ausência do governo na comemoração pela tragédia é uma grave grosseria institucional que não surpreende, uma vez que está em linha com as políticas aberrantes da direita em matéria de imigração", afirmou o senador de esquerda Tino Magni.

Desde 2014, quando a Organização Internacional para as Migrações (OIM) lançou o projeto de monitoramento "Missing Migrants" ("Migrantes Desaparecidos"), mais de 22,3 mil pessoas já morreram ou sumiram na travessia do Mediterrâneo Central, entre o norte da África e o sul da Itália.

Apenas em 2023, já são 2,1 mil vítimas contabilizadas, enquanto o governo italiano reporta a chegada de 134,6 mil deslocados internacionais por via marítima neste ano, quase o dobro do número registrado no mesmo período de 2022. (ANSA)

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