(ANSA) - A pobreza absoluta já está enraizada na Itália e atinge quase 10% da população, ameaçando um em cada quatro habitantes, alertou o relatório sobre pobreza e exclusão social de 2023 da Caritas divulgado nesta sexta-feira (17).
"Quase 30 anos depois da primeira edição do relatório, pode-se dizer que o fenômeno da pobreza mudou completamente em termos de números e perfis sociais", acrescenta o documento.
Segundo dados da Caritas, "há mais de 5,6 milhões de pobres absolutos, 357 mil a mais que em 2021, o que equivale a 9,7% da população".
Ao todo, um em cada 10 residentes hoje não tem acesso a um padrão de vida digno, "o que é um fenômeno estrutural e não mais residual como no passado." Além disso, em risco de pobreza e exclusão social estão "14 milhões 304 mil pessoas, 24,4% da população total".
"A persistência, e em muitos casos o agravamento, de tantas situações de privação e exclusão social parece inaceitável", afirma o relatório, apresentado nas vésperas do "Dia Mundial dos Pobres", que se comemora no próximo domingo (19).
De acordo com o estudo, "pode-se dizer que a presença de mais de 2,1 milhões de famílias pobres é uma derrota para os diretamente envolvidos, mas também para a sociedade como um todo, que é forçada a enfrentar a perda de capital humano, social e relacional que produz graves e visíveis impactos também no nível econômico".
"Todos podemos dizer que estamos derrotados perante 1,2 milhões de menores em estado de pobreza, obrigados a abrir mão de muitas oportunidades de crescimento, saúde e integração social, e cujo futuro estará sem dúvida comprometido", alerta.
A Caritas ressalta que "a Itália é o país da Europa onde a transmissão intergeracional de condições de vida desfavoráveis ;;é mais intensa", tendo em vista que "aqueles que nascem pobres têm muita probabilidade de permanecer pobres quando adultos".
"As nossas democracias ocidentais, a nossa Constituição republicana, e em particular o seu artigo 3.º, que continua por aplicar, também perde neste ponto", acrescenta.
Além disso, o relatório aponta que "as desigualdades entre italianos e residentes estrangeiros, que pioraram nos últimos 12 meses, são evidentes".
No mês passado, o Instituto Italiano de Estatística (Istat) também já chegou a divulgar o seu relatório sobre a pobreza na Itália em 2022, o primeiro ano do governo de coalizão de direita liderado pela premiê Giorgia Meloni.
Os dados do Istat relataram que existem 5,6 milhões de residentes na Itália que caíram na pobreza extrema, ou seja, não conseguem suprir suas necessidades básicas. Entre eles, há 1,27 milhão de menores de idade.
O total de 5,6 milhões de pessoas corresponde a 9,6% da população, o que significa um aumento de 5% em 2022 em relação aos dados de 2021. (ANSA).