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200 mil sofreram abusos sob tutela estatal na Nova Zelândia

Relatório contempla período entre 1950 e 2019

O premiê da Nova Zelândia, Christopher Luxon

Redazione Ansa

Cerca de 200 mil crianças, jovens e adultos na Nova Zelândia sofreram abusos em orfanatos, lares coletivos, hospitais psiquiátricos e outras instituições estatais e religiosas entre 1950 e 2019.
    O número foi revelado em um relatório divulgado nesta quarta-feira (24), após seis anos de investigações sobre o tratamento dispensado a cerca de 655 mil habitantes do arquipélago em estruturas de cuidado estatais ao longo de 70 anos.
    Elaborado pela comissão "Abuse of Care" ("Abuso de cuidado"), o documento estima que pelo menos 200 mil dos 655 mil indivíduos que passaram por essas instituições sofreram algum tipo de abuso físico, moral ou sexual, mas o número real pode ser ainda maior, já que muitos casos teriam sido acobertados.
    Segundo a comissão, o relatório descreve uma "catástrofe nacional impensável" e que provocou "danos inimagináveis" aos neozelandeses, o que também pode abrir caminho para ações de indenização.
    Algumas crianças foram submetidas a terapias de eletrochoque que provocaram convulsões, enquanto outras relataram abuso sexual por parte de autoridades católicas e anglicanas. Jovens mães foram forçadas a entregar filhos para adoção, e muitas vítimas relataram traumas persistentes que alimentaram vícios e outros problemas.
    O relatório também apontou que muitos abusos estavam ligados a práticas racistas contra a etnia maori, que "sofriam tratamentos mais duros em muitos âmbitos", disse Arrun Soma, conselheiro-chefe da investigação.
    Já o premiê Christopher Luxon declarou que o documento expõe uma página "escura e dolorosa na história da Nova Zelândia". "Como sociedade e Estado, deveríamos ter feito melhor, e estou determinado a fazê-lo", acrescentou.
    O relatório elenca uma série de recomendações, incluindo pedidos de desculpas públicos por parte do governo e de lideranças religiosas. (ANSA)

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