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COP27: Países insulares criticam pouca ação de nações ricas

Também as nações africanas alertaram sobre efeitos da crise

Ilhas e nações africanas alertaram sobre catástrofes climáticas já enfrentadas

Redazione Ansa

(ANSA) - Uma série de líderes de pequenos países insulares e de nações africanas, que sofrem com graves desastres climáticos, discursaram nesta terça-feira (8) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP27, que está ocorrendo em Sharm el-Sheik, no Egito, e acusaram os governos mais ricos do mundo de não agirem verdadeiramente para solucionar os problemas.

O presidente de Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, afirmou que o financiamento prometido em outras reuniões do tipo "não atingiram seus objetivos".

"Enquanto muitos países acham oportuno esperar para dar suas contribuições para o financiamento do clima, são os mesmos que estão agora no fronte da guerra na Ucrânia e parecem não ter escrúpulos para gastar muito dinheiro em um conflito", afirmou o político.

Para Wickremesinghe, a "herança colonial" dessas nações ainda existe e todos praticam o "colonialismo, que transferiu ricos recursos da Ásia e da África para Europa, que foram usados para industrializar essas nações - e nós nos tornamos pobres".

Já o líder de Palau, Surangel Whippes, fez um apelo aos demais líderes dizendo que "vocês poderiam nos bombardear porque esse seria um destino mais simples".

"Nós estamos nos afogando. A Covid-19 dizimou nossas economias e, enquanto estamos trabalhando para nos reconstruir, a crise climática está nos destruindo pedaço a pedaço. Tempestades extremas e inundações continuam a destruir as nossas colheitas, as nossas casas e a infraestrutura. Na última segunda-feira, por exemplo, uma outra tempestade nos atingiu", destacou o presidente.

Whippes fez ainda um "apelo urgente para que todas as nações façam o que for possível para evitar o aquecimento global acima de 1,5°C".

A premiê de Barbados, Mia Mottley, foi além e pediu que é preciso também envolver as grandes empresas petrolíferas para participar da COP28, no ano que vem, e para fazer com que elas também paguem para ajudar no combate à crise climática.

"Acreditamos que os atores não-estatais, as empresas de petróleo e gás e aqueles que as contratam, devem ser envolvidos por meio de uma convocação especial desde agora para a COP28. Como podem empresas que têm US$ 200 bilhões de lucro líquido nos últimos três meses não esperar que tenham que contribuir, ao menos com US$ 0,10 por cada dólar de lucro, no Fundo para Perdas e Danos do Clima?", questionou Mottley.

A primeira-ministra lembrou que, nos últimos 12 meses, muitos cenários devastadores forem registrados em todo o mundo, como "as enchentes apocalípticas no Paquistão, as ondas de calor extremo na Europa e na China e a devastação causada em Belize pela tempestade tropical Lisa".

O mandatário da Namíbia, Hage Geingob, foi mais direto e acusou os países ricos de "desonestidade" na luta contra as mudanças climáticas. Em uma entrevista à "BBC", o político afirmou que esse governos são "criminosos" e as nações pobres são as "vítimas" desses crimes.

Mesma linha foi adotada pelo presidente de Malawi, Lazarus Chakwera, durante o discurso no Egito.

"Temos todos os mesmos valores perante Deus, mas as nossas obrigações, as nossas capacidades, as nossas oportunidades e os nossos crimes variam. Como Malawi, acreditamos que há uma clara diferença de culpa e capacidade das nações desenvolvidas, que devem refletir no nível de responsabilidade que são a mitigação do clima, a adaptação e o financiamento", ressaltou aos presentes.

O líder da África do Sul, Cyril Ramaphosa, afirmou que o "continente africano está vivendo cada vez mais os efeitos mais graves das mudanças climáticas".

"Para o bem do nosso continente e do mundo, precisamos de um dramático aumento da mitigação global e da ambição de manter o mundo no caminho de até 1,5°C", ressaltou pontuando que as nações ricas "têm uma grande responsabilidade de respeitar os compromissos assumidos" em relação aos mais vulneráveis. (ANSA).
   

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