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Brasil tem mais de 40 mil crianças órfãs da Covid, mostra Fiocruz

Estudo analisou dados públicos de 2020 e 2021

Covid-19 ainda causou aumento de mortes em partos no Brasil

Redazione Ansa

(ANSA) - Um estudo inédito apontou que 40.838 crianças e adolescentes brasileiras perderam as mães por conta da pandemia de Covid-19 nos anos de 2020 e 2021.

O levantamento foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e divulgado nesta segunda-feira (26) pelo Observatório de Saúde na Infância. O artigo completo ainda foi divulgado no "Archives of Public Health", da "Springer Nature".

Segundo a Fiocruz, os números foram verificados com base em registros públicos, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e no Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc).

Além de detectar a quantidade de menores sem as mães, segundo o coordenador da Observa Infância e pesquisador da Fiocruz, Cristiano Boccolini, foi possível verificar que a Covid-19 "foi responsável por um terço de todas as mortes relacionadas a complicações no parto e no nascimento entre mulheres jovens, o que representa uma alta de 37% nas taxas de mortalidade materna no Brasil".

Boccolini ressalta ainda que é "urgente a mobilização da sociedade para a proteção da infância, com atenção prioritária a este grupo" porque, para além da tragédia pessoal, o Brasil enfrenta crises sanitárias e econômicas que afetam a renda dos mais vulneráveis.

"É certo que a morte de um dos pais, em particular da mãe, está ligada a desfechos adversos ao longo da vida e tem graves consequências para o bem-estar da família, afetando profundamente a estrutura e a dinâmica familiar. As crianças órfãs são mais vulneráveis a problemas emocionais e comportamentais, o que exige programas de intervenção para atenuar as consequências psicológicas da orfandade", ressalta a pesquisadora da Fiocruz, Celia Landmann Szwarcwald, em comunicado.

Adultos

O estudo ainda apontou que, entre 2020 e 2021, 19% das mortes dos adultos no Brasil teve como responsável a Covid-19. Já o pico da pandemia ocorreu em março de 2021, quando eram registradas mais de quatro mil falecimentos por dia, um número "superior à média de mortes por dia de todas as causas em 2019".

A faixa etária que teve a maior proporção de vítimas em relação a outras doenças foi a de pessoas entre 40 e 59 anos.

"Até os 30 anos de idade, a taxa de mortalidade por Covid-19 é similar entre homens e mulheres, mas começa a se distanciar a partir desta faixa etária. No total, a taxa de mortalidade por Covid-19 entre homens foi 31% mais alta que entre mulheres", pontua ainda o pesquisador.

Já Szwarcwald ressalta que houve também diferenças de mortalidade por nível educacional, com os indivíduos de menor escolaridade tendo taxas mais altas, o que "reflete o impacto desigual nas famílias brasileiras socialmente desfavorecidas".

Os autores, que incluem ainda os pesquisadores Wanessa da Silva de Almeida (Fiocruz), Adauto Martins Soares Filho (UFMG) e Deborah Carvalho Malta (UFMG), concordam que a demora e a má aplicação das medidas sanitárias pelas autoridades agravou a crise.

"Como consequência da gestão inadequada da pandemia, além de criar uma legião de órfãos, o Brasil perdeu cerca de 19 anos de vida produtiva devido à morte de adultos jovens por Covid-19", conclui Boccolini. (ANSA).


   

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