(ANSA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar neste sábado (8), em discurso na Colômbia, que os países ricos cumpram suas promessas ambientais e alertou que a exigência de proteção da Amazônia não pode se tornar pretexto para "protecionismo" e "neocolonialismo".
A declaração foi dada no encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, na cidade colombiana de Letícia, a pouco mais de um mês da aguardada cúpula de líderes de países amazônicos em Belém (PA).
"Podemos identificar posições comuns já para a COP28, em diálogo com outros países que também possuem florestas tropicais. Vamos ter de exigir que os países ricos cumpram seus compromissos, incluindo a promessa de US$ 100 bilhões por ano para a ação climática. Afinal, foram eles que emitiram historicamente a maior parte dos gases do efeito estufa", afirmou Lula.
O presidente brasileiro ainda ressaltou que a floresta tropical "não pode ser vista apenas como um santuário ecológico" e que o mundo precisa se preocupar com o "direito de viver bem dos habitantes da Amazônia".
"Não pode se basear na exploração predatória de recursos naturais, como minerais críticos, nem justificar novos protecionismos. Em suma, não pode servir de fachada para um neocolonialismo. A descarbonização não deve aprofundar as desigualdades entre os países, reeditando a relação de dependência entre centro e periferia", acrescentou.
Lula tem demonstrado incômodo com um documento adicional sobre meio ambiente proposto pela União Europeia no âmbito do acordo comercial com o Mercosul, instrumento que prevê sanções ligadas ao desmatamento.
Segundo o presidente, cabe aos países da região "decidir como dar uma vida digna" às populações locais e como "preservar nossa floresta e biodiversidade". "A cúpula de Belém [em agosto] será a plataforma para que os oito países da Amazônia assumam o protagonismo na busca por soluções compartilhadas", afirmou.
O presidente também reiterou a meta de zerar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030 e pediu que as nações amazônicas também assumam esse compromisso na cúpula de agosto.
"A Cúpula de Belém será um momento de correção de rota. A abertura para autoridades locais e para a sociedade será um componente essencial para isso. Não se faz política pública sem a participação de quem conhece o território. Para isso, queremos formalizar o Foro de Cidades Amazônicas e o Parlamento Amazônico", salientou. (ANSA)
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