(ANSA) - O Censo Demográfico 2022 revelou que o Brasil tem cerca de 1,7 milhão de indígenas, número quase 90% maior que os 900 mil registrados no levantamento anterior, de 2010.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge).
No entanto, segundo o órgão federal, não é possível concluir que a população indígena tenha quase dobrado entre os recenseamentos.
Para os pesquisadores, o aumento se deve a mudanças na metodologia da pesquisa, com novos procedimentos de abordagem às lideranças indígenas, aperfeiçoamento do mapeamento de localidades em todo o país e preparação de equipes especializadas.
"Em cada aldeia contamos com o apoio de pelo menos uma liderança indígena. Nossos agradecimentos a todas as lideranças que assumiram o Censo como uma política de estado e como um direito dos povos indígenas de serem recenseados da melhor forma possível", disse Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do Ibge.
Segundo o Censo, as regiões Norte e Nordeste concentram mais de 75% da população indígena no país, com mais de 753 mil no Norte (44,5%) e 528 mil no Nordeste (31%).
Além disso, apenas dois estados concentram 42,5% dos indígenas contabilizados: Amazonas, com mais de 490 mil (29%) e Bahia, com mais de 229 mil (13,5%).
O levantamento também registrou que há 689,2 mil pessoas vivendo em terras indígenas e que, nessas áreas, 90% dos moradores são indígenas e 10% não indígenas.
A Terra Indígena Yanomami, com território no Amazonas e em Roraima, é a maior em número de pessoas indígenas, com mais de 27 mil.
O líder indígena Junior Yanomami falou à Agência Brasil sobre as dificuldades de chegada de agentes do Censo a comunidades isoladas na Amazônia, ameaçadas por garimpeiros e madeireiros, e reconheceu a importância da pesquisa para o acesso a políticas públicas: "Queremos viver em paz e ter a proteção real dos povos indígenas e da floresta com segurança, saúde e educação".
(ANSA).