(ANSA) - Os números do desastre na costa da Líbia seguem imprecisos, com ao menos 6 mil mortos pela passagem do furacão Daniel e a ruptura das barreiras de Derna.
Em Cirenaica, construída pelos italianos e agora praticamente destruída pela fúria da água, a estimativa inicial era de 2,3 mil vítimas, subindo oficialmente para 6 mil, mas com a expectativa de contabilizar 10 mil, segundo as TVs de Bengasi e a Cruz Vermelha.
"O balanço das vítimas é enorme. O número de desaparecidos passa de 10 mil", disse Tamer Ramadan, enviado da Cruz Vermelha na Líbia.
A situação em Derna é catastrófica. Os corpos ainda jazem em muitos lugares.
Há famílias presas em casa e vítimas sob escombros. A situação está cada vez mais trágica, e não existem estatísticas definitivas", disse Othman Abdel Jalil, ministro da Saúde do governo que declarou independência da região.
"Há corpos em todos os lugares: no mar, nos vales, sob edifícios", relatou Hichem Chkiouat, ministro da Aviação Civil que esteve no que resta da cidade de 50 mil habitantes.
Segundo testemunhas, o cemitério tem mais de 700 corpos estendidos aguardando identificação.
Em alguns locais a água subiu até a altura de três metros, destruindo casas, arrastando carros e pessoas, interditando ruas e estradas, o que também dificulta as operações de socorro, que em alguns casos estão ocorrendo via mar.
O papa Francisco se disse "profundamente entristecido", e o presidente da Itália, Sergio Matarella, manifestou "sentimentos de sincera participação na dor do amigo povo líbico", enquanto a premiê, Giorgia Meloni, expressou "solidariedade e proximidade".
Meloni também fez um telefonema com seu homólogo líbico, Abdul Dabaiba, renovando suas condolências e a solidariedade da Itália à Líbia, assegurando plena disponibilidade para as atividades de socorro e ajuda.
Uma equipe de socorro da Itália pousou na Líbia, conforme anunciado pelo vice-premiê e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani.
"É composta pelo pessoal da Defesa Civil, dos Bombeiros, do comando operacional e do Ministério das Relações Exteriores, e operará, de acordo com as autoridades locais, nos territórios devastados pela tempestade", explicou o ministro da Defesa Civil, Nello Musumeci.
Derna, importante cidade da porção oriental da Líbia, é comandada por um governo paralelo sediado em Sirte.
O país africano vive fragmentado desde a queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011, e é palco de disputas entre milícias que se dividem entre os dois governos.
Inúmeras tentativas de mediação ainda não conseguiram chegar a um consenso para realizar eleições gerais e reunificar a Líbia plenamente. (ANSA).