(ANSA) - A multinacional britânica Shell anunciou nesta terça-feira (8) que não vai mais comprar petróleo da Rússia no mercado à vista e que não renovará os contratos já assinados.
A decisão chega após a empresa ter sido criticada por ter adquirido um carregamento de petróleo bruto russo em 4 de março, em meio à guerra na Ucrânia.
Na ocasião, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, questionou se o petróleo da Rússia não tinha "cheiro de sangue" para a Shell.
Por meio de um comunicado, a multinacional anunciou a intenção de encerrar seu envolvimento com "todos os hidrocarbonetos russos, incluindo petróleo cru, derivados de petróleo, gás e gás natural liquefeito (GNL)", mas de maneira gradual.
"Como um primeiro passo imediato, a companhia vai interromper suas compras de petróleo bruto russo no mercado à vista e também vai fechar seus postos de serviço e operações de combustível e lubrificantes de aviação na Rússia", disse a empresa britânica.
Além disso, o CEO da Shell, Ben van Beurden, admitiu que a decisão de comprar petróleo russo na semana passada "não foi correta" e pediu desculpas pelo fato.
"Como já dissemos, vamos destinar os lucros das quantidades remanescentes de petróleo russo que temos para um fundo. Vamos trabalhar com parceiros e agências humanitárias nos próximos dias e semanas para determinar onde as verbas podem ser alocadas para aliviar as terríveis consequências dessa guerra no povo ucraniano", acrescentou o executivo.
De acordo com a Shell, a retirada do mercado russo de derivados de petróleo, gás e GNL será um "desafio complexo". "Mudar essa parte do sistema de energia vai exigir ações coordenadas de governos, fornecedores de energia e consumidores", ressaltou a empresa, destacando o "dilema" entre "pressionar o governo russo por causa de suas atrocidades na Ucrânia e garantir abastecimento de energia estável e seguro na Europa".
Em seu perfil no Twitter, o chanceler Kuleba agradeceu à Shell por "essa decisão moral e responsável" e encorajou "outras empresas globais a seguir o exemplo". A também britânica BP disse que continuará comprando petróleo e gás da Rússia com base nos contratos existentes, mas que não pretende assinar novos acordos.
Potências ocidentais impuseram sanções econômicas contra o regime de Vladimir Putin por causa da invasão à Ucrânia, e não está descartado um possível embargo ao petróleo russo. Se isso acontecer, o Kremlin ameaçou interromper o fornecimento de gás para a Europa. (ANSA)
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