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Estudo revela passado de buraco negro no centro da Via Láctea

Corpo supermassivo acordou de sono profundo há 200 anos

Imagem do buraco negro Sagitário A* revelada em maio de 2022

Redazione Ansa

(ANSA) - O buraco negro supermassivo Sagitário A*, que fica no centro de nossa galáxia, a Via Láctea, hoje está dormente, mas chegou a ser acordado de seu descanso há cerca de dois séculos, após um longo período de silêncio.

O eco daquele evento foi captado em uma pesquisa conduzida pelo francês Frédéric Marin, do Observatório Astronômico de Estrasburgo, com a participação da Agência Espacial Italiana (ASI) e dos institutos nacionais de Física Nuclear (INFN) e de Astrofísica (Inaf) da Itália.

Os resultados foram publicados na revista Nature e se baseiam em dados do telescópio espacial de raios-x Ixpe, construído pela Nasa e pela ASI.

Situado a 25 mil anos-luz da Terra, o buraco negro no centro de nossa galáxia tem uma massa milhões de vezes superior à do Sol, mas é estranhamente menos ativo do que os buracos negros no centro de outras galáxias observados até agora.

Apesar do nome, os buracos negros - corpos superdensos dos quais a luz não consegue escapar - também geram luminosidade ao absorver matéria, como estrelas em seus arredores.

Acredita-se que o Sagitário A* estaria passando hoje por um momento de "jejum", mas os pesquisadores conseguiram reconstruir seu passado recente analisando as emissões de raios-X das nuvens de poeira que ficam nas suas proximidades, especialmente a polarização da luz dessas estruturas.

"O ângulo de polarização age como uma bússola, nos indicando a misteriosa fonte de iluminação há muito desaparecida. E o que há nessa direção? Nada além de Sagitário A*", disse Riccardo Ferrazzoli, astrofísico do Inaf.

Segundo os pesquisadores, a luminosidade das nuvens guarda uma espécie de eco da atividade recente, ou seja, da radiação emitida durante a absorção de matéria pelo buraco negro. De acordo com o estudo, esses vestígios são provenientes de uma "refeição" ocorrida há cerca de 200 anos.

O próximo passo será repetir a observação e reduzir as incertezas da medição, pois novos dados podem melhorar a estimativa da temporal. (ANSA)

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