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Pesquisadores detectam 'rumor de fundo' do Universo

Ruído é provocado por ondas gravitacionais de baixa frequência

Ondas gravitacionais são perturbações no espaço-tempo geradas por eventos cósmicos violentos, como colisões entre buracos negros e estrelas de nêutrons

Redazione Ansa

(ANSA) - Astrônomos anunciaram a descoberta de uma forma de ondas gravitacionais prevista há muito tempo e que cria uma espécie de ruído de fundo ressoante por todo o Universo.

A novidade, alcançada com a ajuda de radiotelescópios em quatro continentes, incluindo na ilha italiana da Sardenha, é tida como um marco na astronomia e deve abrir uma nova janela para o entendimento de mistérios do cosmos, como o resultado da colisão entre buracos negros supermassivos, a frequência de fusões entre galáxias e até o nascimento do Universo.

Previstas na Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, ondas gravitacionais são perturbações no tecido do espaço-tempo provocadas por eventos cósmicos violentos envolvendo corpos superdensos, como colisões de buracos negros e estrelas de nêutrons.

Essas ondas de alta frequência geradas por um único evento foram detectadas pela primeira vez em 2015, mas pesquisadores também teorizavam sobre a existência de versões de baixa frequência e que estão em movimento constante no espaço, como um rumor de fundo.

Unindo suas forças no consórcio International Pulsar Timing Array, astrônomos e astrofísicos observaram diversos pulsares na Via Láctea e afirmam ter finalmente encontrado uma forte evidência dessas ondas gravitacionais de fundo.

Um pulsar é uma estrela de nêutrons - núcleo superdenso de uma estrela morta - que emite jatos de radiação através de seus polos e gira rapidamente, às vezes até centenas de vezes por segundo.

Por conta disso, pulsares disparam ondas de rádio em intervalos extremamente precisos, como se fossem faróis cósmicos. Após 15 anos de medições, os pesquisadores detectaram diferenças infinitesimais no intervalo entre as ondas de rádio captadas na Terra, o que é um forte indício da presença de ondas gravitacionais de fundo, que dilatam e comprimem o tempo enquanto cruzam o Universo na velocidade da luz.

"Os pulsares são excelentes relógios naturais, e podemos usar a incrível regularidade de seus sinais para procurar minúsculas mudanças em sua batida, causadas por dilatações e compressões sutis do espaço-tempo em função de ondas gravitacionais do Universo distante", disse o astrônomo Golam Shaifullah, da Universidade de Milão-Bicocca, instituição que participou da pesquisa.

A teoria principal é de que essas ondas de baixa frequência sejam provenientes de pares de buracos negros supermassivos existentes no centro de galáxias a caminho de se fundir.

"Estamos abrindo uma nova janela no Universo", afirmou a pesquisadora Caterina Tiburzi, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (Inaf), que também integrou o estudo. "As novas ondas nos permitem estudar mistérios ainda sem solução sobre a evolução do Universo", reforçou Marta Burgay, astrônoma do Inaf. (ANSA)

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