(ANSA) - Um grupo de arqueólogos encontrou os restos de uma pequena tartaruga, quase intacta e ainda com um ovo, embaixo do piso de um casa no Parque Arqueológico de Pompeia, revelou o diretor do local, Gabriel Zuchtriegel, à ANSA nesta sexta-feira (24).
"Essa é uma descoberta que abre uma janela sobre os últimos anos da cidade, nos quais Pompeia inteira se transformou em um grande e vibrante canteiro de obras", pontuou o representante sobre o achado feito em parceria por membros das universidades Oriental de Nápoles, a Freie de Berlim e a de Stanford.
Os restos estavam sob os escombros de uma casa de alto luxo que desmoronou no terremoto que atingiu Pompeia em 62 d.C., cerca de 17 anos da erupção do Vesúvio que cobriu completamente a localidade.
A tartaruga estava a cerca de meio metro de profundidade do piso da nova construção feita no local, na via dell'Abbondanza, área central da antiga cidade.
Mas, a presença da tartaruga foi uma surpresa porque os arqueólogos e historiadores estavam pesquisando possíveis evidências sobre os motivos que levaram a uma demolição proposital da casa, em área foi toda anexada às Termas Estabianas.
Conforme a antropóloga Valeria Amoretti, a tartaruga conseguiu entrar de alguma forma sob o piso "e ali, em um ângulo protegido, cavou uma pequena área para conseguir por seu ovo - algo que não conseguiu fazer e que pode ter causado a sua morte também".
Agora, as pesquisas no animal seguirão sendo feitas em laboratório.
Já na área das termas, os trabalhos continuam e os especialistas estão voltando a trazer à vista os antigos pisos e decorações da "magnífica residência" que estava ali.
As primeiras informações apontam que ela deveria ter cerca de 900 metros quadrados e os pavimentos eram adornados com ricos mosaicos que podem ser comparados aos encontrados em dois dos pontos mais luxuosos já descobertos em Pompeia: a Vila dos Mistérios e a Casa de Ceres.
Os achados no local, incluindo detalhes de peças em mármore, aumentam ainda mais as dúvidas sobre os motivos da residência ter sido deliberadamente demolida: teria o terremoto danificado o casa de maneira que não fosse possível reparar ou os donos ficaram com tanto medo do tremor que optaram por deixar a residência e se mudaram para um ponto mais seguro da cidade? Ainda há a possibilidade de que toda a família tenha falecido e, assim, o local ficou vago.
No momento, a única certeza é que após o terremoto, talvez por conta da queda no preço das residências na área, a casa passou para a administração da cidade de Pompeia e foi adicionada ao complexo das termas. Ali, muito foi investido com a construção de uma nova grande piscina dotada de água corrente, cenografias com imagens de ninfas e ambientes muito modernos e tecnológicos para a época.
"Aqui se construía sem parar e se olhava o futuro com confiança. Ninguém tinha ideia da catástrofe que em pouco tempo se abateria sobre Pompeia", acrescenta Marko Giglio, pesquisador da Universidade de Nápoles. (ANSA).