(ANSA) - O Festival de Cinema de Cannes, um dos mais importantes do mundo, começa nesta terça-feira (16) com um recorde para os italianos, que têm três obras na disputa pela Palma de Ouro, em fato que não ocorria de 2015.
"Rapito", de Marco Bellocchio, será apresentado em 23 de maio. No dia seguinte, será a vez de "Il Sol dell'Avvenire", de Nanni Moretti. Já "La Chimera", de Alice Rohrwacher, terá sua apresentação em 26 de maio.
Nas outras categorias do festival, como a Um Certo Olhar e a Fora de Concurso, a Itália não tem nenhum representante. O país ainda "compartilha" com a França a madrinha do evento, Chiara Mastroianni, filha do ator Marcello Mastroianni (1924-1996) e da atriz Catherine Deneuve.
Sobre os diretores italianos, nenhum é novato em Cannes. Há um ano, Bellocchio teve um acolhimento extraordinário no evento com "Noite Externa", inspirado no sequestro e assassinato do premiê italiano Aldo Moro (1916-1978).
Em "Rapito", com Susanna Nicchiarelli, ele se inspira livremente na obra "Il Caso Mortara", de Daniele Scalise, e faz referência a uma história verdadeira que também Steven Spielberg queria levar para o cinema. No centro, uma questão familiar, mas sobretudo, um conflito religioso que marca também as ortodoxias que vemos na atualidade.
O menino judeu Edgardo Mortara, em 1858, foi retirado da convivência da família em Bolonha para ser levado para o mundo católico sob a custódia do papa Pio IX. Segundo as declarações de um empregada doméstica, o menino havia sido batizado secretamente aos seis meses.
A lei papal é inquestionável: deve receber uma educação católica. Os pais, abalados e incrédulos, fazem de tudo para ter seu filho de volta e a batalha começa a ter também uma dimensão política. Mas, o pontífice não aceita devolver o menino e Edgardo cresce na fé católica, enquanto o poder da Igreja vai diminuindo e as tropas de saboia conquistam Roma.
O longa de Moretti, com Silvio Orlando, Margherita Buy, Barbora Bobulová e Valentina Romani, já é um sucesso na Itália, tendo arrecadado mais de 3,3 milhões de euros no país desde a estreia em 20 de abril. Além disso, o diretor "está em casa" em Cannes e, como sempre, sua passagem pelo evento não ficará despercebida.
Mas entre os três, o mais esperado - e inserido em várias listas europeias entre os 10 filmes que devem ser assistidos nessa edição - é "La Chimera". A jovem autora italiana é observada por Cannes com bastante atenção desde a estreia em 2011, com "Corpo Celeste", na Quinzena dos Realizadores, com a vitória do Grande Prêmio com "As Maravilhas" (2014), e o prêmio de Melhor Roteiro para "Lazzaro Felice" (2018).
O novo longa da diretora de Fiesole deve ser o que mais atrairá atenção e a obra já tem inclusive distribuição garantida nos Estados Unidos após o festival.
Ambientado nos anos 1980, no mundo clandestino dos ladrões de túmulos que buscam por itens arqueológicos etruscos, a obra fala sobre um jovem arqueólogo inglês envolvido no tráfico clandestino dos objetos históricos na zona de Montalto di Castro. No elenco, estão Isabella Rossellini, Carol Duarte, Alba Rohrwacher e Vincenzo Nemolato. (ANSA).