(ANSA) - Por Fabio Govoni - "Sonhadores que encontraram no Brasil sua nova pátria e, apesar das dificuldades, com a cabeça erguida e tenacidade, souberam sobreviver e reconstruir suas vidas sem jamais esquecer suas origens, com um bilhete só de ida": assim foram os imigrantes italianos que ao longo do tempo deram origem a uma das comunidades mais numerosas e ativas do Brasil, nas palavras do embaixador brasileiro na Itália, Renato Mosca de Souza, mestre de cerimônias no jantar de gala que hoje (21) à noite, nos salões do Palazzo Pamphili em Piazza Navona, sede da embaixada, deu início às comemorações dos 150 anos da imigração italiana para o grande país latino-americano.
Em 21 de fevereiro, celebra-se o Dia Nacional dos Imigrantes Italianos: data em que, em 1874, o veleiro Sofia chegou a Vitória, comandado pelo trentino Pietro Tabacchi, com o primeiro grupo de 34 italianos, quase todos vindos do Vêneto e do Trentino.
Hoje, a comunidade de origem italiana - excluindo os cerca de 700 mil italianos que vivem lá - é de cerca de 30 milhões e constitui quase 15% do total de aproximadamente 215 milhões de habitantes do Brasil: a maior comunidade da diáspora italiana no mundo.
"Nem todos fizeram fortuna no Brasil, mas todos foram artífices que contribuíram com suor e lágrimas para o desenvolvimento da economia e para a formação da identidade brasileira. Como neto de um imigrante italiano que deixou esta pátria com a família na esperança de uma nova vida no Brasil, hoje meu coração bate forte", lembrou o embaixador.
"Este ano, com a presidência italiana do G7 e a brasileira do G20, estaremos constantemente em contato para enfrentar juntos os desafios globais e buscar soluções compartilhadas por todos os atores internacionais em um dos cenários mais complexos das últimas décadas", disse em seu discurso diante dos 150 convidados a subsecretária de Relações Exteriores da Itália, Maria Tripodi.
"Em 2024 foi lançado o projeto 'Turismo das raízes', que tem o objetivo de estimular os italianos oriundos de todo o mundo a visitar os locais de origem de seus antepassados e redescobrir com orgulho suas raízes", lembrou ela.
"Recentemente a Itália inaugurou um voo direto Roma-Rio de Janeiro e isso é muito importante não apenas para os italianos, mas também para os brasileiros que vêm para a Itália, e estamos trabalhando com as companhias aéreas em facilitações para comprar a passagem, porque não é tão barato, enquanto do lado italiano os consulados estão trabalhando com forte publicidade para trazer as pessoas aqui, para conhecer o país de origem e os parentes", lembrou o embaixador.
O ano será marcado por uma série de eventos, como a presença na 60ª Bienal de Arte de Veneza e a montagem em Roma da instalação do artista ítalo-brasileiro Candido Portinari.
Entre os convidados para a noite também estava Luca Zaia, governador do Vêneto: região de onde vem a comunidade mais antiga e numerosa de italianos no Brasil: "Em muitas partes do Brasil, o idioma oficial é o Talian, nosso vêneto, tanto que numerosos estudiosos do Vêneto vão ao Brasil para estudar o falado lá, que ainda conserva alguns idiomas e frases arcaicas já perdidas em nosso dialeto moderno".
Entre Brasil e Vêneto, disse Zaia, as relações são "totais": "Há empresas de vênetos e há continuidade, porque muitas famílias compartilham as duas terras para os negócios. Basta pensar no setor do mármore".
O cardápio do jantar foi baseado em receitas italianas com ingredientes brasileiros: "Como faziam nossos antepassados quando viviam lá", explicou um dos chefs, o ítalo-brasileiro Antonio Maiolica. (ANSA).