Esporte

A vida de um time de futebol na Ucrânia ocupada

Cidade de Kherson foi tomada pela Rússia em março

Jogadores do FC Krystal Kherson cumprimentando a torcida do clube

Redazione Ansa

(ANSA) - por Renan Tanandone - Em Kherson, cidade do sul da Ucrânia ocupada pela Rússia desde o início de março, um clube de futebol teve de deixar o esporte de lado e viu seu cotidiano ser radicalmente alterado por causa da invasão.

Atualmente com as atividades paralisadas em virtude da guerra, o FC Krystal Kherson disputou sua última partida em novembro do ano passado, uma derrota por 4 a 1 para o Poltava válida pela terceira divisão do Campeonato Ucraniano.

A invasão impediu que os membros do clube voltassem aos trabalhos e alterou radicalmente o dia a dia de cada atleta, diretor e funcionário. Em entrevista à ANSA, um representante do Krystal Kherson que não quis se identificar por razões de segurança falou sobre a rotina das pessoas na cidade ocupada.

"As autoridades da cidade conseguiram manter a vida de todos em um nível básico. O município tem eletricidade, água e alguns alimentos básicos. No entanto, tem pouco combustível, não há medicamentos nas farmácias, e os policiais não estão trabalhando", disse.

O representante do Krystal Kherson contou que as infraestruturas do clube, como campos de treinamento, não estão sendo utilizadas por falta de segurança, já que ficam perto de prédios ocupados pelo Exército russo.

"Nossas infraestruturas, como campos de treinamento, sede e hotel, ficam nas proximidades de prédios ocupados, o que torna seu uso inseguro. O time é de propriedade do município, e os funcionários são geridos diretamente pela prefeitura e, se necessário, serão utilizados para fins humanitários", destacou.

Apesar da ocupação, o representante confirmou que nenhum membro do clube está entre os mortos e feridos na invasão russa.

"A cidade foi cercada no início da guerra e completamente ocupada alguns dias depois. Devido à confusão e às incertezas, a maioria dos habitantes, assim como boa parte dos jogadores, não teve tempo de fugir. Os atletas são muito jovens, estão dando os primeiros passos no futebol profissional e, claro, não têm formação militar. Todos os membros do clube tentam ser voluntários da melhor maneira possível", disse.

O representante, no entanto, afirmou acreditar que Kherson será libertada.

"A linha de frente está bem próxima da cidade, explosões são constantemente ouvidas, e nós nem sabemos o que vai acontecer amanhã. Porém temos certeza de que nosso povo vai resistir nessa guerra e que em breve nossa cidade será libertada. O time das cores verde e azul voltará a entrar no campo. O futebol sempre foi e será um jogo de amizade, paz e respeito", concluiu.(ANSA).
   

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