Esporte

Denúncias de abusos mancham ginástica rítmica italiana

Várias ex-ginastas relataram as ofensas que sofreram de técnicos

Ginástica rítmica conquistou medalhas na edição passada do Mundial da modalidade

Redazione Ansa

(ANSA) - Diversas denúncias de abusos psicológicos e físicos feitas por ex-atletas italianas abalaram nesta semana a ginástica rítmica do país europeu.

O caso explodiu no cenário nacional em 30 de outubro, quando a ex-ginasta Nina Corradini, de 19 anos de idade, revelou ao jornal La Repubblica as pressões, ofensas e humilhações sofridas quando era adolescente na Academia Desio, em Monza.

Após sua entrevista, outras ex-atletas que também frequentavam o centro de treinamento lombardo compartilharam publicamente experiências muito semelhantes, como foi o caso de Anna Basta.

Em uma das passagens da entrevista, Corradini comentou que um dos treinadores mandava ela "comer menos" e dizia diariamente que a ex-atleta era uma "vergonha".

"O treinador repetia para mim todos dias: 'que vergonha', 'coma menos', 'como você consegue se olhar no espelho?'. Foi um sofrimento. De vez em quando eu só comia um biscoito, obviamente em segredo, enquanto nos trocávamos para treinar. Eu me pesava 15 vezes por dia", relatou a ex-ginasta.

Basta, por sua vez, disse ao La Repubblica que teve pensamentos suicidas, além de ter começado a sofrer ataques de pânico e problemas alimentares que continuaram mesmo após seu afastamento do esporte.

Quem também comentou que a experiência na Academia Desio "arruinou" sua vida foi a ex-campeã mundial de ginástica rítmica Giulia Galtarossa. A italiana alegou que sua passagem pelo local deu início a graves distúrbios alimentares.

"Eles fizeram uma lavagem cerebral. Por muito tempo pensei que era minha culpa e realmente acreditava que era gorda e feia. Minha única falha, por outro lado, foi ter permanecido em silêncio até hoje", disse a multicampeã.

Após as várias denúncias, a Promotoria de Brescia abriu uma investigação sobre o caso, mas ainda não há muitos detalhes sobre os treinadores envolvidos no escândalo. Uma reunião entre o novo ministro do Esporte, Andrea Abodi, e o presidente do Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni), Giovanni Malagò, foi realizada para discutir sobre as denúncias.

A Federação Italiana de Ginástica (FGI) publicou um comunicado confirmando que "não tolera qualquer forma de abuso", além de garantir que "foram tomadas providências para informar imediatamente o Ministério Público Federal". A entidade também determinou uma intervenção na administração da academia onde os abusos teriam ocorrido.

Marta Pagnini, ex-capitã da seleção italiana de ginástica rítmica, escreveu uma carta aberta sobre o episódio e garantiu que o esporte deixou "pequenas e grandes feridas" ao longo da carreira. Ela admitiu que muitos treinadores "usaram palavras pesadas e ofensivas" contra ela. (ANSA).
   

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