Lusofonia

Queda de avião no interior de São Paulo deixa 62 mortos

Aeronave que saiu de Cascavel, no Paraná, caiu em Vinhedo

Redazione Ansa

Um avião com 62 pessoas a bordo, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes, caiu nesta sexta-feira (9) em um condomínio residencial no bairro Capelo, em Vinhedo, no interior de São Paulo.
    As Prefeituras de Vinhedo e Valinhos, cidade vizinha, confirmaram que "não há sobreviventes" no desastre aéreo.
   Em nota, a Voepass Linhas Aéreas, companhia aérea dona da aeronave, informou que trata-se de um avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72, que partiu de Cascavel, no Paraná, às 11h58 (horário local), rumo ao aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
   A antiga empresa Passaredo disse ter acionado todos os meios para apoiar os envolvidos, mas explicou que não havia confirmação de como "ocorreu o acidente e nem da situação atual das pessoas que estavam a bordo".
   Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o avião despencando enquanto girava no ar. Na sequência, é possível ver uma explosão e uma fumaça preta saindo da aeronave, fabricada pela empresa franco-italiana ATR, joint venture entre a Airbus e a Leonardo.

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Aeronave caiu e pegou fogo em condomínio residencial


   O Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e a Polícia Militar foram mobilizados para atender a ocorrência. Em um evento em Florianópolis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a tragédia e pediu um minuto de silêncio pelas vítimas.
   "Eu tenho que ser portador de uma notícia muito ruim. Eu queria que todos se colocassem de pé para que a gente fizesse um minuto de silêncio porque acaba de cair um avião na cidade de Vinhedo, com 58 passageiros e quatro tripulantes, e parece que todos morreram", declarou o petista, que ainda decretou luto oficial de três dias.

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Presidente Lula fez um minuto de silêncio por vítimas


   Já o governo de São Paulo enviou reforços ao local, incluindo equipes do Instituto Médico Legal (IML) e os responsáveis pelo recolhimento de corpos. O governador Tarcísio de Freitas, que estava em Vitória (ES) para reuniões do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), foi a Vinhedo para acompanhar os trabalhos das equipes.
   Por sua vez, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, divulgou que vai criar uma equipe de trabalho para acompanhar os desdobramentos do acidente aéreo e "identificar os problemas ocorridos". Já a Polícia Federal (PF) abriu uma investigação para apurar eventuais responsabilidades pela tragédia, além de ter criado um gabinete de crise no Aeroporto de Guarulhos para atender familiares das vítimas.

ATR se solidariza com vítimas

A fabricante ATR expressou solidariedade às vítimas do acidente aéreo com uma aeronave da Voepass Linhas Aéreas em Vinhedo, interior de São Paulo, e garantiu colaboração com as investigações sobre as causas da tragédia.
   "A ATR foi informada de que ocorreu um acidente em Vinhedo, Brasil, envolvendo um ATR 72-500. Nossos primeiros pensamentos estão com todos os indivíduos afetados por este evento. Os especialistas da ATR estão totalmente empenhados para dar apoio tanto à investigação quanto ao cliente", diz um comunicado da empresa franco-italiana.
   Com sede em Blagnac, na França, a ATR é uma joint venture entre a europeia Airbus e a italiana Leonardo e fabrica aviões turboélices de médio porte. 

Voepass diz que avião era 'sensível' ao gelo

A companhia aérea Voepass reconheceu que o avião ATR 72 era "sensível" ao gelo, mas garantiu que o sistema de degelo funcionava normalmente no momento da decolagem.
    Imagens da tragédia mostram a aeronave caindo em círculos, em queda livre, o que levantou a suspeita de que o acidente pode ter sido causado por acúmulo de gelo nas asas ou em outra parte da fuselagem.
    "A gente não sabe se pode ter tido pane durante o voo, mas, quando decolou, o sistema de deicing [degelo] estava 100% operacional", disse Eduardo Busch, CEO da Voepass, em uma coletiva de imprensa em Ribeirão Preto (SP).
    "O ATR tem uma sensibilidade um pouco maior a uma situação de gelo, que não é descartada, como também nenhuma hipótese é descartada neste momento. O avião é sensível ao gelo, é um ponto de partida, mas ainda é muito precoce qualquer tipo de ideia em relação ao evento", salientou Marcel Moura, diretor de operações da companhia aérea.
    A aeronave passou por manutenção de rotina em Ribeirão Preto, principal base técnica da Voepass, na noite anterior à tragédia, e "saiu sem nenhum tipo de problema que inviabilizasse sua aeronavegabilidade". "Hoje era previsto gelo, mas dentro das características aceitáveis para o voo", acrescentou Moura.
    A companhia também afirmou que os passageiros "tinham RG e CPF", o que indica que todos seriam brasileiros, mas ainda "não se sabe se algum possuía dupla nacionalidade".

Anac afirma que aeronave estava regularizada

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o avião ATR 72 da Voepass Linhas Aéreas que se acidentou em Vinhedo, no interior de São Paulo, foi fabricado em 2010 e estava em "condição regular para operar, com certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos".
    "O voo contava com quatro tripulantes a bordo no momento do acidente, e todos estavam devidamente licenciados e com as habilitações válidas", diz uma nota da Anac, acrescentando que o organismo "continua monitorando a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa".
    "Além disso, a agência segue no acompanhamento dos desdobramentos das investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa)", conclui o comunicado.

Equipes localizam caixas-pretas

O Cenipa, órgão ligado à Força Aérea Brasileira (FAB), confirmou que as duas caixas-pretas do avião da Voepass foram encontradas.
    Segundo o chefe do centro de investigação, brigadeiro do ar Marcelo Moreno, tanto o gravador de dados do voo quanto o gravador de voz da cabine de comando serão levados para análise em Brasília.
    Ainda de acordo com o militar, a tripulação da aeronave não declarou emergência antes do acidente. "É tudo prematuro, mas o que temos até agora é que não houve comunicação com órgãos de controle de que haveria alguma emergência", disse.
    O contato com os radares foi perdido às 13h22, poucos minutos antes do pouso do ATR 72 no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

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