(ANSA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu hoje a "sinergia" de programas do governo brasileiro com a Iniciativa Cinturão e Rota, mas não assinou a adesão ao megaprojeto de Pequim, durante o encontro com o mandatário Xi Jinping em Brasília.
"Estabeleceremos sinergias entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana e o Plano de Transformação Ecológica, e a Iniciativa Cinturão e Rota", disse o petista.
Os presidentes assinaram 37 acordos em áreas como agricultura, tecnologia e infraestrutura na reunião no Palácio da Alvorada.
"Estamos determinados a alicerçar nossa cooperação pelos próximos 50 anos em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial", afirmou Lula.
O presidente ainda anunciou que os dois países realizarão em 2026 o "Ano Cultural Brasil-China para promover e aproximar nossas sociedades, ambas reconhecidas internacionalmente por sua rica diversidade e criatividade".
"No plano regional, trabalharemos juntos para dar seguimento ao Diálogo Mercosul-China e discutir o aprofundamento da cooperação na área de investimentos", salientou.
Lula também ressaltou a "amizade estratégica" entre os dois países, "baseada em interesses compartilhados e visões de mundo próximas", e citou um ditado de Confúcio sobre a "alegria de receber amigos de terras distantes".
"Esse é o sentimento que tenho ao receber o presidente Xi Jinping. A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o comércio bilateral atingiu o recorde histórico de 157 bilhões de dólares", acrescentou o petista.
Durante a reunião, o presidente destacou também o "interesse chinês pelo Fundo Florestas Tropicais para Sempre, proposto pelo Brasil para remunerar a preservação desses biomas", confirmando "que há alternativas eficazes para financiar o desenvolvimento sustentável" e proteger a Amazônia.
"Espero receber o presidente Xi Jinping no Brasil no ano que vem, para a Cúpula do Brics, em julho, e para a COP30, em novembro", ressaltou.
A aproximação entre Brasil e China no campo ambiental sinaliza um esforço bilateral para ampliar o financiamento sustentável e promover políticas de preservação para os biomas tropicais, que já foram defendidas por Lula na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro. (ANSA).
Na declaração conjunta, os dois presidentes defenderam uma solução política para a guerra da Rússia na Ucrânia e a iniciativa de Brasília e Pequim para tentar estabelecer um diálogo entre Kiev e Moscou.
"Em um mundo assolado por conflitos armados e tensões geopolíticas, China e Brasil colocam a paz, a diplomacia e o diálogo em primeiro lugar. Os 'Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China para uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia' são exemplo da convergência de visões em matéria de segurança internacional", disse Lula, acrescentando que "jamais venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras".
Xi, por sua vez, afirmou que "não existe solução simples para um assunto complexo" como a guerra na Ucrânia. "China e Brasil emitiram os entendimentos comuns sobre uma resolução política para a crise", destacou o líder asiático. (ANSA).