(ANSA) - Morreu nesta quarta-feira (22), aos 98 anos, a italiana Lucy Salani, conhecida no país por ser a única transgênero a sobreviver aos campos nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A notícia foi confirmada pelo fundador do grupo Sentinelli e conselheiro regional na Lombardia, Luca Paladini, sem informar a causa do falecimento.
Salani nasceu em Fossano e cresceu em Bolonha como um homem homossexual. Antifascista, depois de desertar do exército fascista italiano, foi deportada para Dachau em 1944.
"Fui menino, filho e filha, desertor e prisioneiro, mãe, prostituta e amante. Mas, seja qual pessoa eu fui, eu posso dizer com convicção que sempre fui eu mesma", disse recentemente no documentário "C'è um soffio di vita soltanto" (2021), feito pelos diretores Matteo Botrugno e Daniele Coluccini.
Os dois, inclusive, divulgaram uma nota lamentando o falecimento, e dizendo que "Lucy se foi, mas sua lembrança e a sua história permanecerão esculpidas não só na memória de quem, como nós, gostava muito dela, mas também na memória coletiva do país".
A Arcigay, uma das maiores entidades na luta pelos direitos das pessoas LGBTQIA+, também se manifestou.
"Lucy foi uma jovem poeta e uma mulher transgênero que conseguiu sobreviver ao horror do campo de concentração nazista em Dachau. A sua vida é um símbolo de resistência e de memória histórica. A lembrança de Lucy vive em nossos corações e nos faz querer lutar ainda com mais força para afirmar o imenso valor da autenticidade de nossas vidas", informou a entidade.
Já a Associação Nacional dos Partisans Italianos (Anpi), que havia dado uma medalha de reconhecimento para Lucy nos últimos meses, também lamentou a morte da italiana. (ANSA).