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Desempenho de Biden em debate instaura pânico em democratas

Presidente mostrou fraqueza diante de um Trump em plena forma

Jill e Joe Biden em comício na Carolina do Norte após debate

Redazione Ansa

A mídia e os analistas americanos são quase unânimes: no primeiro debate presidencial na TV, Joe Biden se saiu mal. Voz fraca e rouca (devido a uma constipação, segundo sua campanha), gaguejando com mais frequência que o habitual, frases confusas ou repetidas mecanicamente, olhar perdido.
    Um cenário que instaurou o pânico em algumas alas do Partido Democrata, que temem que o desempenho do presidente possa afundá-lo nas pesquisas para as eleições contra o republicano Donald Trump. "Estamos ferrados", disse um integrante da legenda progressista, enquanto se começa a falar em uma possível substituição.
    A campanha de Biden também está na mira por ter insistido na realização do debate neste estágio da disputa, após tê-lo preparado durante uma semana em Camp David. Donald Trump, pelo contrário, se mostrou cheio de energia, capaz até de controlar a habitual agressividade, embora tenha se esquivado de muitas perguntas e repetido várias mentiras.
    Sem direito a cumprimentos, evidenciando o clima de polarização em um país onde cada um não reconhece mais o adversário, Biden e Trump brigaram sobre tudo, da economia à imigração, do meio ambiente ao aborto, com constantes acusações recíprocas.

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Apoiadores de Trump acompanham debate em Miami

 
    O magnata atacou a inflação que "está matando nosso país" e as supostas "portas abertas" para "criminosos e terroristas" na fronteira com o México. Biden, por sua vez, elencou seus sucessos após o "caos" deixado por seu antecessor na economia, acusando-o de ter beneficiado os mais ricos com desonerações fiscais, aumentando o déficit.
    Na política externa, Trump repetiu que a guerra na Ucrânia não teria começado se ele fosse o presidente, mas não apresentou sua receita para a paz. Além disso, esquivou-se de responder se é favorável a um Estado palestino e disse que Israel "precisa terminar seu trabalho com o Hamas".
    Também não faltaram insultos pessoais. Biden chamou Trump de "perdedor e idiota" e o definiu como um "criminoso condenado". Em maio passado, o ex-presidente foi sentenciado por fraude contábil no "caso Stormy Daniels", e o democrata o acusou de trair a mulher grávida com uma estrela pornô e de ter a "moral de um gato de rua".
    Trump, por sua vez, recordou os problemas judiciais do filho de Biden, Hunter, e disse que o próprio presidente pode ser condenado quando deixar a Casa Branca. Também desafiou o democrata a fazer um "teste cognitivo", em mais uma tentativa de exaltar a diferença física entre os dois, que se desafiaram a uma partida de golfe.
    "Desde que Trump carregue sua própria bolsa", ironizou Biden, em referência à obesidade do rival.

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Donald Trump e Joe Biden em debate em Atlanta

 

Chefe da Câmara dos EUA evoca 25ª emenda contra Biden

O chefe da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, afirmou nesta sexta-feira (28) que o gabinete do democrata Joe Biden deveria discutir a ativação da 25ª emenda da Constituição, que permite a remoção de um presidente por incapacidade física ou mental.
    A declaração chega após o desempenho desastroso de Biden no debate contra Donald Trump, que pode ser determinante para a sequência da corrida eleitoral pela Casa Branca em 2024. "Eu pediria aos membros do governo que se questionassem em seus corações, e esperamos que façam seu dever, assim como todos nós tentamos fazer o nosso", afirmou Johnson.
    Pouco antes, o congressista republicano Chip Roy havia dito no X que apresentaria uma resolução para pedir à vice-presidente Kamala Harris que acione a 25ª emenda.
    Esse trecho da Constituição permite a destituição de um presidente se a maioria de seu gabinete declarar que ele é incapaz de exercer o cargo. Neste caso, a Casa Branca seria assumida interinamente por Harris, que precisaria apoiar a medida.
    "Se eu estivesse no gabinete, eu estaria tendo essa discussão com meus colegas. É uma situação séria", reforçou Johnson.
    O uso da 25ª emenda já havia sido evocado em janeiro de 2021, mas contra Trump, após a invasão do Capitólio por seus apoiadores.

Biden diz que não tentaria reeleição se não tivesse condições

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, garantiu nesta sexta-feira que não tentaria a reeleição caso não tivesse condições.
    “Eu sei como fazer este trabalho. Não estaria concorrendo se não acreditasse de todo o coração que poderia fazer este trabalho”, declarou o democrata, acrescentando que não é mais jovem.
    Além de dizer que o magnata Donald Trump “é uma ameaça”, Biden confessou que não debate mais tão bem como antes.
    “Não ando tão bem como antes e não debato mais tão bem como antes, mas sei como dizer a verdade e como fazer este trabalho. Sua liberdade, sua democracia e a América estão em jogo quando você vota”, comentou o presidente de 81 anos.

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