Chegou a hora da verdade para Nicolás br/brasil/flash/internacional/2024/07/24/maduro-critica-sistema-eleitoral-de-brasil-eua-e-colombia_f3ef0afd-1282-4c22-a055-874e750e2d07.html" target="_blank" rel="noopener">Maduro. As eleições do próximo domingo (28) na Venezuela, governada há 11 anos pelo ex-motorista de ônibus que se tornou presidente após a morte de Hugo Chávez, podem marcar uma mudança de época.
Em busca de seu terceiro mandato, o líder chavista de 61 anos, que aparece enfraquecido nas pesquisas, é desafiado pelo ex-embaixador Edmundo González, 74, um candidato pouco conhecido no país, mas apoiado pela vencedora das primárias da oposição, María Corina Machado, 56, impedida pela Justiça de disputar as eleições.
Apesar do clima de tensão, apoiadores de ambos os candidatos inundaram as praças de Caracas na última quinta (25), entre ritmos de reggaeton e cantos de estádio, encerrando uma acalorada campanha presidencial marcada por grandes comícios, mas também por cerca de 80 prisões arbitrárias e uma retórica de violência usada por Maduro como estratégia de intimidação.
Com as fronteiras fechadas e os procedimentos de voto tornados praticamente impraticáveis no exterior, será quase impossível que os quase 8 milhões de venezuelanos que vivem fora do país votem. Mas entre os mais de 21 milhões de eleitores chamados a votar existe um desejo de mudar de rumo, apesar do receio de novas repressões no país, principal aliado de China, Rússia e Irã na América do Sul.
Embora a comunidade internacional acompanhe atentamente a eleição e pressione os partidos a aceitar os resultados, é difícil prever qual será o cenário que sairá das urnas, sobretudo se o Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv), no poder há um quarto de século, perder.
O pleito será monitorado por 380 mil soldados e acompanhado por mais de 600 observadores, entre os quais não há nenhum enviado da União Europeia, considerada parcial demais por Caracas. O que está claro, porém, é que a paciência com Maduro na região parece estar se esgotando.
Depois de o líder chavista ter evocado um "banho de sangue" e uma "guerra civil fratricida" em caso de derrota e dos ataques aos sistemas eleitorais de Brasil e Colômbia, as missões de observação dos dois países foram canceladas, inclusive com críticas por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à postura de Maduro.
Sinais de certa exasperação também chegaram do presidente chileno, Gabriel Boric, que alertou para uma possível nova onda migratória de venezuelanos.
O receio é de que uma eventual vitória chavista desencadeie mais um êxodo, após uma pesquisa recente ter mostrado que um terço dos habitantes do país poderia decidir partir em caso de falta de mudança. As sanções e a grave crise econômica também preocupam, depois da hiperinflação que, de 2017 a 2021, prejudicou profundamente o tecido produtivo e social do país (em 2020, o índice foi de 2.968,8%, caindo para 193% em 2023).
Questões às quais se acrescenta a da segurança, com a mobilização das tropas venezuelanas na fronteira com a Guiana e a ameaça de anexação do Essequibo, colocando em risco a paz em uma região onde os Estados Unidos também têm fortes interesses.
A escolha dos venezuelanos estará sob os holofotes do mundo, de Washington a Roma, de Moscou a Pequim, em uma votação que poderá inverter o destino do país e o seu papel no tabuleiro geopolítico. (ANSA)