Política

Bolsonaro e Putin falam em parceria econômica e ignoram Ucrânia

Líderes se reuniram por cerca de duas horas em Moscou

Redazione Ansa

(ANSA) - Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin, fizeram discursos com foco na economia após uma reunião de cerca de duas horas em Moscou nesta quarta-feira (16).

Não foi aberto espaço para perguntas dos jornalistas e, em nenhum momento, foi citada a crise na fronteira ucraniana, tema do dia na agenda internacional.

Putin começou o discurso agradecendo a visita da comitiva brasileira e aproveitou o momento para enviar condolências para o Brasil por conta da tragédia provocada pelas chuvas na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, que já deixou mais de 40 mortos.

"Brasil e Rússia tem amizade e entendimento, além de laços humanitários, econômicos, e cooperamos nas áreas internacionais nos maiores fóruns, como a ONU e o Brics. Manifestamos a vontade de aprofundar a ligação econômica dos dois países, [...] pois o Brasil é o maior parceiro da Rússia na América do Sul e Caribe", ressaltou.

Durante sua fala, o presidente russo ainda ressaltou a reativação da comissão empresarial Rússia-Brasil, e ressaltou os investimentos atuais e futuros das empresas russas no país em diversas áreas, como em tecnologia, energia nuclear e aeroespacial.

"Defendemos o multilateralismo e a mediação política dos conflitos. Também buscamos mais cooperação com o Brasil no âmbito do Brics, que desempenha um papel importante na economia", acrescentou.

Também lendo seu discurso, Bolsonaro agradeceu Putin pelo convite e lamentou novamente as mortes de Petrópolis.

"Conversamos por quase duas horas, uma agenda bastante profícua e de amplo interesse para os nossos países. Compartilhamos valores comuns, como a crença em Deus e a defesa da família tradicional. Também somos solidários com quem quer se empenha pela paz", disse Bolsonaro.

Assim como Putin, o brasileiro ressaltou a "colaboração intensa nos principais foros internacionais", locais "onde defendemos a soberania dos Estados, o respeito ao direito internacional e a carta da ONU".

Em uma alfinetada contra os Estados Unidos e os países da União Europeia, Bolsonaro agradeceu o apoio de Putin "à soberania nacional do Brasil" quando "alguns países quiseram transformar a Amazônia em patrimônio mundial da humanidade".

No quesito ambiente, Bolsonaro ressaltou que por conta da grande área verde que existe nos dois países, "abrimos diálogo sobre sustentabilidade".

Em nenhum momento os líderes falaram algo sobre a questão ucraniana, que vê o risco de conflito bélico aumentar dia após dia. Desde o anúncio da manutenção da viagem para a Rússia, o Itamaraty vinha ressaltando que a ida a Moscou tinha apenas interesses econômicos e que não seria abordada a possível guerra na região.

Ainda nesta quarta-feira, Bolsonaro se reunirá com empresários russos e brasileiros em um jantar formal em Moscou. (ANSA).

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