Política

Zelensky critica neutralidade de Bolsonaro durante guerra

Ser neutro 'levou fascistas a engolir metade da Europa', disse

Zelensky e Bolsonaro conversaram por telefone na segunda-feira

Redazione Ansa

(ANSA) - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou nesta terça-feira (19) a neutralidade do governo brasileiro e de Jair Bolsonaro na guerra iniciada pela Rússia contra seu país. A afirmação foi dada durante uma entrevista exclusiva para a "TV Globo".

Questionado sobre a conversa que teve por telefone com Bolsonaro na última segunda-feira (18), o mandatário afirmou que cobrou uma posição de apoio brasileiro.

"Ontem [segunda] eu falei com o presidente Bolsonaro e sou grato a ele por essa conversa. Não foi a minha primeira conversa com o presidente do Brasil. Eu não apoio a posição dele de neutralidade. Eu não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo", afirmou à emissora.

Para exemplificar os motivos de sua posição, Zelensky citou a postura dos líderes ocidentais durante o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e afirmou que essa atitude de tentar mediar também foi usada contra a Ucrânia no início da atual crise, em 2014, quando estouraram os conflitos separatistas pró-Rússia na região do Donbass. Para o presidente, agora há uma "segunda fase" desse conflito.

"Vamos pensar sobre a Segunda Guerra Mundial. Foi assim. Muitos líderes ficaram neutros num primeiro momento. Isso permitiu que os fascistas engolissem metade da Europa e se expandissem mais e mais, capturando toda a Europa. Isso aconteceu por causa da neutralidade. Ninguém pode ficar no meio do caminho, ninguém pode dizer 'vou ser um mediador'. Mediador de quê? Um mediador na guerra? Entre quem? A guerra não é entre a Ucrânia e a Rússia, é a guerra da Rússia contra o povo ucraniano", pontuou.

Zelensky acrescentou ainda que "não apoia" essa posição de neutralidade de forma alguma e disse que cobrou que Bolsonaro sobre isso.

"Eu disse isso para o presidente: 'Preciso de uma posição do Brasil. Eu conto com o seu povo, eu sei que tipo de pessoas estão lá, elas são maravilhosas. Eu tenho certeza de que elas apoiam os mesmos valores que nós apoiamos. Independentemente da língua que falamos. Somos um só povo", acrescentou ainda à Globo.

Ao final da conversa, a repórter questionou então qual foi a resposta de Bolsonaro a essas cobranças. "Ele me disse que apoia a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Eu quero acreditar nisso. Ele me falou assim: 'O Brasil realmente compreende a dor do que está acontecendo com vocês, mas a nossa posição é neutra'", finalizou.

A conversa entre Bolsonaro e Zelensky foi a primeira desde o início dos ataques russos, em 24 de fevereiro deste ano. O governo brasileiro, porém, não divulgou detalhes da conversa de maneira oficial.

Apesar do Brasil ter votado contra a Rússia nas resoluções sobre a guerra aprovadas na Organização das Nações Unidas (ONU), o governo brasileiro nunca condenou diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, por invadir o país vizinho. Bolsonaro inclusive disse negociar mais acordos comerciais sobre fertilizantes e diesel desde o início do conflito. (ANSA).


   

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