Política

Brasil decide entre Lula e Bolsonaro no segundo turno

Presidente de direita superou expectativas

Redazione Ansa

(ANSA) - Por Patrizia Antonini - O Brasil permanece em suspenso, com um resultado que não apontou uma vitória clara e uma festa adiada para o segundo turno, em 30 de outubro.

Luiz Inácio Lula da Silva, ícone da esquerda sul-americana e grande favorito nas pesquisas, não confirmou os prognósticos de vitória das sondagens, que lhe atribuíam até 51% dos votos válidos já no primeiro turno.

 Com a apuração quase concluída, o candidato do PT aparece com 48,4% dos votos, enquanto seu adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), tem 43,2%, superando as expectativas.

"A luta continua até a vitória final", disse Lula, acrescentando que o segundo turno é "apenas uma prorrogação".

Após ter votado em São Bernardo do Campo, o líder de esquerda acompanhou a apuração no Novotel Jaraguá, no centro de São Paulo, com sua esposa, Janja, o vice em sua chapa, Geraldo Alckmin, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Após o discurso no hotel, foi para a Avenida Paulista, reservada para uma festa da vitória e reduzida a palco de um abraço com algumas dezenas de milhares de apoiadores.

"Vencemos as mentiras", afirmou Bolsonaro em referência às pesquisas eleitorais. "Vou trabalhar para mudar o voto das pessoas", prometeu o presidente, cujo site foi alvo de um ataque hacker. Ele votou no Rio de Janeiro e depois retornou ao Palácio da Alvorada, em Brasília, onde o espaço cercado em torno do edifício foi ampliado para receber seus apoiadores.

Daqui até o fim de outubro, o jogo está aberto, com previsão de dias difíceis para o gigante sul-americano e a perspectiva de uma campanha eleitoral de alta tensão.

Existe o temor de que Bolsonaro tente jogar gasolina no fogo, incendiando as ruas e ampliando os ataques sem trégua para desacreditar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seu presidente, o juiz Alexandre de Moraes, centro dos procedimentos democráticos.

Os países ocidentais, liderados por Estados Unidos e pelas nações da Europa, fizeram apelos nas últimas semanas em defesa do respeito ao Estado de direito.

Nesse período, o presidente pode aprovar medidas provisórias com efeito imediato para, por exemplo, facilitar a venda de armas, aumentando assim o risco de violência política.

Uma polarização extrema e que, nos 46 dias de campanha, já contabiliza três mortos e vários episódios de intimidação. Segundo analistas, influenciaram no resultado os indecisos, a taxa de abstenção e aqueles que abraçaram a escolha do chamado "voto útil" para encerrar a eleição em primeiro turno.

Apesar de o voto para os 156 milhões de brasileiros chamados às urnas ser obrigatório, a taxa de abstenção aumentou em relação a 2018, chegando a cerca de 21%. E Lula teria sido o mais prejudicado por esse aumento nas ausências.

O primeiro turno foi acompanhado por observadores internacionais da Organização dos Estados Americanos (OEA), a convite do TSE. O grupo composto foi 55 especialistas de 17 países foi deslocado para 15 das 27 unidades da federação, certificando que tudo correu de modo correto, como declarou o líder da missão.

Mas quem também vigiou as urnas foram os militares do Exército, em uma iniciativa impulsionada por Bolsonaro, que, como Lula, agora pensa em seus próximos passos para tentar a vitória. (ANSA)

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