Política

Bolsonaro não precisa de cargo para ter força, diz analista

Segundo professor, presidente derrotado seguirá sendo relevante

Jair Bolsonaro é o primeiro presidente do Brasil a fracassar em tentativa de reeleição

Redazione Ansa

(ANSA) - O presidente Jair Bolsonaro saiu derrotado das eleições de 2022, mas continuará sendo um ator relevante na política brasileira e a principal voz de seu campo ideológico ao longo dos próximos anos.

É o que diz à ANSA Victor Piaia, professor da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV-ECMI), no Rio de Janeiro.

"O Bolsonarismo é uma força social muito grande e que vem sendo construída desde 2015, 2016. O Bolsonaro nunca precisou do cargo de presidente para ter força popular", explica o analista.

Segundo Piaia, embora a cadeira da Presidência da República permita ao ex-capitão do Exército se manter em evidência e pautar o debate político, ele deve conseguir reter o núcleo duro de seus apoiadores, que não o abandonou nem mesmo nos piores momentos de sua popularidade.

"Não são apenas apoiadores eventuais, são pessoas que iniciaram sua socialização política por meio dele, é algo muito enraizado", explica. Para o professor, a melhor forma de medir o tamanho desse grupo é olhar para as pesquisas anteriores à campanha, sobretudo as do auge de sua rejeição, que o colocavam ainda com cerca de 25% de aprovação.

"Esses apoiadores não largaram a mão do Bolsonaro em nenhum momento nesses quatro anos", diz. Além disso, na oposição, o candidato derrotado vai se colocar na tarefa de cobrar, "que é ligeiramente mais fácil".

Por outro lado, não continuará mais dando as cartas do ponto de vista institucional e ainda estará ameaçado por possíveis processos judiciais, como os inquéritos que apuram divulgação de notícias falsas sobre a pandemia de Covid-19 ou interferências na Polícia Federal.

"Mas eu imagino que ele vai continuar sendo o principal nome do campo político dele. Não tem ninguém a seu redor que tenha tanto poder e tanta influência sobre o eleitorado", acrescenta Piaia.

O analista ainda acredita que a polarização vista nas eleições tende a arrefecer com o fim da campanha, uma vez que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem uma postura mais institucional e menos exibicionista que seu adversário.

"O Bolsonaro pautava assuntos diariamente, estava no centro das polêmicas, e isso gera acirramento dos ânimos", afirma. (ANSA)

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