Política

Lula 'ressuscita' no silêncio perturbador de Bolsonaro

Presidente não reconhece derrota, e Brasil teme revolta

Lula 'ressuscita' no silêncio perturbador de Bolsonaro

Redazione Ansa

(ANSA) - Uma "ressurreição" no silêncio enigmático do adversário. No dia da redenção de Luiz Inácio Lula da Silva, abraçado por uma multidão e saudado por muitos chefes de estado e de governo, a começar pelo americano, Joe Biden, o único tom discordante é o silêncio de Jair Bolsonaro.

O presidente cessante não reconheceu a derrota, fechando-se em um hermetismo que desencadeou uma espiral de especulações, incluindo preocupações de protestos e demonstração de força em um cenário "trumpiano".

"Tentaram me enterrar vivo, mas eu ressuscitei", enfatizou Lula em seu primeiro discurso como presidente eleito. Mas se ele insistiu na necessidade de pacificar um país dividido "depondo as armas" para "restaurar a esperança", "combater a fome", "lutar contra o desmatamento" e "para fazer a economia voltar a funcionar", do outro o ex-capitão do Exército escolheu levantar o termômetro da tensão.

Tanto que o jornal "New York Times" não deixou de ressaltar: "Depois da derrota, Bolsonaro fica calado e o Brasil teme tumultos". Uma posição dura é a do líder conservador, enquanto os principais aliados do presidente, como o pastor evangélico Silas Malafaia ou o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reconhecem que "o resultado eleitoral é soberano".

De acordo com os dados definitivos das urnas, o ex-sindicalista do PT venceu por 2,1 milhões de votos de diferença para o líder de direita, garantindo 50,9% das preferências (60.345.999) contra 49,10% (58.208.354), conquistando 13 estados, em comparação aos 14 de Bolsonaro, em um país que tem mais de 156 milhões de eleitores.

Uma situação que se presta a possíveis disputas, como invoca o ex-estrategista de Trump Steve Bannon, que parece ter colaborado com a campanha de Bolsonaro enviando seus especialistas a Brasília.

"Não é possível que o resultado das urnas eletrônicas esteja correto. É preciso conferir uma a uma. E durante este período o presidente não deve deixar o governo", incitou.

Um desafio que se soma ao esforço titânico que espera Lula em seu terceiro mandato. O líder de esquerda, de fato, além de reunir todas as suas habilidades de conciliador para unir uma nação profundamente dividida, terá que administrar um Brasil onde não tem maioria no Congresso, onde os conservadores controlam a maioria dos estados federais e onde já existe um buraco negro fiscal para financiar o programa de bem-estar de seu antecessor.

Por outro lado, horas após a vitória do PT, em vários estados, do Rio a Minas Gerais, do Paraná ao Rio Grande do Sul, da Bahia ao Mato Grosso, os caminhoneiros protestaram bloqueando as rodovias. "Só sairemos quando o exército fizer um balanço da situação", ameaçaram.

Enquanto isso, em Brasília dizem que Bolsonaro passou a noite empoleirado no Alvorada na companhia de seu "círculo mágico" (que inclui seus três filhos mais velhos, Flávio, Carlos e Eduardo) analisando a situação para entender como sair do labirinto político.

Em vez disso, há quem diga que ele participou de um rito evangélico remoto, e quem diga que as luzes da residência presidencial se apagaram cerca de duas horas após o reconhecimento da vitória de Lula. Mas, além das denúncias, o fato é que hoje, nas primeiras horas da tarde, esteve no Palácio do Planalto, onde se encontrou com os generais Walter Souza Braga Netto e Augusto Heleno, ambos considerados membros da linha dura do governo, em contraste com os ministros do Centrão, a aliança de partidos conservadores que no rescaldo da derrota já pensam em abandonar o "barco".

E enquanto o silêncio continua, crescem os temores de que Bolsonaro esteja pronto para apoiar a ação de extremistas dispostos a atacar a sede do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior Eleitoral, em uma saída que lembra a invasão do Congresso dos EUA por apoiadores de Trump. (ANSA).
   

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