(ANSA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega nesta noite a Buenos Aires para realizar um aguardado encontro com seu homólogo argentino, Alberto Fernández, e também com a influente vice Cristina Kirchner, uma viagem que prevê importantes anúncios regionais.
Lula, junto com Fernández, busca recuperar o eixo Buenos Aires-Brasília, desgastado durante o governo de Jair Bolsonaro, e fortalecer o Mercosul e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que funciona como um contrapeso à Organização dos Estados Americanos (OEA).
Canadá e Estados Unidos não estão presentes na Celac, que realiza na terça-feira (24), em Buenos Aires, seu encontro de chefes de Estado, cúpula que promete participação ativa de Lula e Fernández.
O encontro formal entre os dois presidentes será na segunda-feira (23), na Casa Rosada, onde devem ser assinados numerosos acordos de cooperação em soberania energética, integração financeira, defesa, saúde, ciência, tecnologia, inovação e cooperação antártica, conforme indicado pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina em um comunicado.
Duas questões centrais se destacam na agenda bilateral: as negociações para que o gasoduto Néstor Kirchner chegue ao Brasil e o financiamento de insumos brasileiros para dar continuidade à obra.
Já estão em andamento as negociações para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) abra uma linha de crédito à Argentina, com juros convenientes, para concluir a construção do segundo trecho do gasoduto.
Esse é o ponto mais importante do encontro, mas também haverá outro: a possibilidade de uma moeda comum entre os dois países, que sirva exclusivamente para operações comerciais. Trata-se de um tema que o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, já vem discutindo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desde antes de o brasileiro assumir o cargo.
Lula também está disposto a impulsionar o pedido da Argentina de ingressar no Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como sócio pleno. De fato, Buenos Aires já conseguiu o aval dos países membros para ingressar em 2023.
Além disso, fontes próximas ao governo disseram à ANSA que Lula se encontrará com Cristina Kirchner "sozinho" na segunda-feira. A relação entre os dois é muito próxima, cultivada desde a presidência de Néstor Kirchner (2003-2007).
Mas outra questão subjacente ainda não encontrou muita ressonância: a possibilidade de que a ex-presidente Dilma Rousseff, também com laços estreitos com Cristina, seja a próxima embaixadora em Buenos Aires. Essa seria a intenção de Lula, mas a nomeação teria de obter o aval do Senado, o mesmo que destituiu Dilma em 2016. (ANSA)
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