Política

Coreia do Sul lança plano para indenizar vítimas de japoneses

Medida tenta melhorar relações bilaterais entre países

Coreia do Sul anunciou que vai ressarcir as 15 primeiras vítimas que venceram processo em 2018

Redazione Ansa

(ANSA) - A Coreia do Sul anunciou nesta segunda-feira (6) um plano para compensar as vítimas de trabalho forçado durante a ocupação feita pelo Japão na Segunda Guerra Mundial. A medida tenta melhorar as relações bilaterais entre os dois países, mas não envolve diretamente o governo de Tóquio.

Uma fundação governamental, informou o ministro das Relações Exteriores, Park Jin, ressarcirá as primeiras 15 vítimas que, em 2018, venceram uma causa judicial contra a Mitsubishi Heavy Industries e Nippon Steel.

"Espero que o Japão responda positivamente a nossa importante decisão de hoje com contribuições voluntárias das empresas japonesas e as desculpas completas", acrescentou Park, ressaltando que a cooperação entre as duas nações "é muito importante em todos os setores da diplomacia, economia e da segurança".

Para Park, é preciso "que o círculo vicioso seja quebrado pelo bem das pessoas no nível do interesse nacional em vez de deixar o relacionamento tenso por questões de muito tempo".

Após o anúncio, o governo de Tóquio informou que considerava positivas as medidas anunciadas por Seul e as classificou como "úteis" para as relações bilaterais.

"O governo considera as medidas anunciadas hoje como um esforço para retomar os laços sadios entre Japão-Coreia do Sul depois que se encontraram em uma situação muito grave por causa da sentença de 2018", informou o ministro das Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi.

Na prática, o plano anunciado por Seul vai pagar as indenizações, principalmente, com os fundos doados por empresas nacionais por conta do acordo de 1965, que normalizou as relações diplomáticas.

Os dois países são os principais aliados dos Estados Unidos na Ásia e são fundamentais para os planos norte-americanos de oposição à China e à Coreia do Norte, mas ambos têm relações muito tensas por conta do período da ocupação japonesa entre 1910 e 1945. Os ressarcidos anunciados hoje não incluem mulheres usadas como escravas sexuais, apenas trabalhadores forçados a atuar em empresas japonesas na Segunda Guerra Mundial.

Estima-se que cerca de 780 mil sul-coreanos foram obrigados a trabalhos forçados durante os 35 anos de ocupação japonesa. O imbróglio até hoje é por conta do entendimento do Japão de que o acordo de 1965 já estipulava um fundo de US$ 800 milhões para ressarcimentos.

Washington vem, há anos, tentando melhorar as relações bilaterais dos aliados, mas os primeiros resultados só foram vistos em maio de 2022, quando Yoon Suk-yeol assumiu o poder em Seul. A mídia japonesa, inclusive, informa que o mandatário poderá fazer uma visita a Tóquio já na próxima semana.

Após o anúncio, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, comemorou a decisão, que chamou de "anúncio histórico".

"Aplaudimos o presidente Yoon, o premiê japonês [Fumio] Kishida e as respectivas administrações pela sua coragem e a sua visão, e pedimos à comunidade internacional que se unam à nossa recomendação desse resultado épico", acrescentou.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acolheu favoravelmente os planos de indenização anunciados pela Coreia do Sul para vítimas de trabalho forçado na época do domínio japonês.

“É um novo revolucionário capítulo de cooperação e parceria entre os dois mais estreitos aliados dos Estados Unidos. [...] É um passo fundamental para forjar o futuro para o povo coreano e japonês mais seguro e mais próspero”, acrescentou. (ANSA).
   

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