Política

Milão suspende registros de filhos de gays nascidos no exterior

Prefeito da cidade afirmou que iniciará 'batalha política'

Casais do mesmo sexo não poderão ter filhos no exterior com reprodução assistida

Redazione Ansa

(ANSA) - A cidade de Milão, na Itália, precisou interromper nesta segunda-feira (13) o registro de crianças nascidas no exterior filhas de genitores homossexuais e que foram geradas por meios de reprodução medicamente assistidas. Com isso, o registro só é permitido quando for feita uma "adoção tradicional".

A suspensão foi realizada após o prefeito da cidade, Giuseppe Sala, consultar o Ministério do Interior do governo de Giorgia Meloni e receber a orientação de parar com os registros por conta de decisões tomadas pelas diversas instâncias judiciais italianas. Ele próprio comunicou as entidades e organizações que lutam pelos direitos LGBTQIA+ na cidade.

Em seu podcast semanal nesta terça-feira (14), Sala falou sobre a decisão e disse que foi obrigado a seguir a medida até pela segurança dos funcionários públicos.

"Para mim, isso é um passo para trás do ponto de vista político e social, e sinto pelos genitores que pensavam que poderiam contar com essa possibilidade na cidade de Milão. O registro não depende só da vontade política, é um ato que é feito, logicamente, com o aparato administrativo da cidade e eu, considerando também a posição da Procuradoria, não posso expor um funcionário público a riscos pessoais de natureza jurídica", afirmou o líder municipal.

A decisão da prefeitura tem como base uma lei de 2004, que determina que a gravidez por métodos assistidos só podem ser permitidas a casais de sexos diferentes. Essa é a mesma legislação que proíbe as chamadas "barrigas de aluguel".

Já as organizações LGBTQIA+ informaram que na conversa que tiveram com Sala, o prefeito se comprometeu a tornar essa uma "batalha política" pessoal do governo da cidade. A informação foi confirmada pelo próprio líder em seu podcast.

"Deveria ser o legislador que permite a medida com uma lei que já existe em outros países, como os europeus, por exemplo, na Espanha e na Dinamarca. O registro do filho de casal de mesmo sexo , independentemente do procedimento de adoção, é mais oneroso e até hoje conturbado em casos particulares", pontuou.

Já o vereador do Irmãos da Itália (FdI), mesmo partido de Meloni, Matteo Forte, publicou uma nota comemorando a decisão e disse que "está feliz que o direito venceu". O político foi quem escreveu uma carta ao Ministério do Interior questionando as decisões de Sala, mas afirmou que "pouco me interessa que a minha iniciativa contribuiu" com a suspensão.

A presidente do grupo "Famiglie Arcobaleno", Alessia Crocini, declarou que "o prefeito de Milão precisou ceder às pressões do governo Meloni e, ao fim, chegou a uma decisão dolorosa e injusta".

"Estamos conscientes do quanto esse governo está trabalhando para retirar o mínimo dos direitos de cidadania das famílias homossexuais na Itália. Mas, os meninos e meninas com duas mães ou com dois pais já existem na Itália, e os ministros [Matteo] Piantendosi [Interior] e a premiê Meloni precisam superar isso", finalizou Crocini. (ANSA).
   

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