(ANSA) - Os protestos contra a polêmica reforma judicial desejada pelo governo de Benjamin Netanyahu se ampliaram nesta segunda-feira (27) com a decisão de uma greve em diversos pontos do país. O aeroporto Ben Gurion teve todos os voos bloqueados, e muitos hospitais também aderiram à paralisação.
Após 12 semanas consecutivas de protestos, os atos nas ruas voltaram a ganhar força neste domingo (26) com a demissão do ministro da Defesa, Yoav Gallant, que deu declarações públicas criticando a reforma e dizendo que ela deveria ser arquivada.
Milhares de pessoas foram para a frente do prédio do ministério para protestar contra o governo.
Também o presidente israelense, Vladimir Herzog, pediu que a reforma fosse parada "porque enfraquece o sistema judiciário" do país.
"Nós estamos assistindo cenas muito difíceis. Faço um apelo ao primeiro-ministro, aos membros do governo e aos membros da coalizão. Pelo bem da unidade do povo de Israel, por amor à responsabilidade aos quais somos obrigados a ter, convido-te a interromper imediatamente o processo legislativo", disse Herzog.
Netanyahu, por sua vez, usou as redes sociais para dizer que "somos irmãos" e pediu que os manifestantes "mostrem responsabilidade e não ajam com violência". Nos bastidores, porém, o premiê se reuniu com ministros e diversos líderes da maioria do governo, incluindo o ministro da Segurança Nacional e líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit, Ben Gvir.
Conforme declarações de fontes à imprensa israelense, Gvir teria dito que poderia se demitir se Netanyahu parar a tramitação da lei e que continuaria a apoiar ao governo, mas sem estar na coalizão - o que faria com que o primeiro-ministro perdesse a maioria no Parlamento.
Nesta segunda, inclusive, Netanyahu sobreviveu a uma moção de desconfiança na Knesset, o Parlamento israelense.
O ministro da Justiça, Yariv Levin, um dos arquitetos da lei, e das Relações Exteriores, Avigdor Liberman, disseram que aceitarão qualquer decisão tomada pelo primeiro-ministro.
Já na noite de Israel, Netanyahu aceitou adiar até abril as discussões no Parlamento sobre o tema. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (27) por nota oficial da coalizão.
Reforma judicial
Os protestos sobre a reforma judicial estão intensos porque cada uma das leis propostas precisa passar por três votações na Knesset para ser aprovada.
As críticas da população e da oposição são porque acredita-se que as mudanças vão acabar interferindo na independência dos três poderes.
Entre os pontos mais polêmicos, estão a lei que impede que a Suprema Corte revise legislações aprovadas pelos parlamentares, um processo de mudança na nomeação de juízes para cortes importantes, além de uma medida que permite que a Knesset rejeite decisões da última instância com uma votação simples.
Até os maiores aliados do governo israelense, os Estados Unidos, afirmam que estão "profundamente preocupados com o desenvolvimento da situação atual". (ANSA).