(ANSA) - Por Patrizia Antonini - "A América do Sul deve trabalhar como um bloco único. Se ficarmos juntos, somos 450 milhões de pessoas. Como bloco podemos negociar com muito mais força". Às vésperas do primeiro encontro internacional de seu terceiro mandato à frente do brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quer uma América do Sul mais forte, em um cenário global onde os choques econômicos e políticos causados pela guerra na Ucrânia redesenham as alianças e abrem novos espaços, a partir do acordo comercial UE-Mercosul.
Um encontro marcado para terça-feira (30), em Brasília, e voltado para os países da região, é visto pelos observadores como um teste de prova sobre a capacidade de liderança do presidente progressista, depois de anos de isolamento do Brasil na época do conservador Jair Bolsonaro.
As manchetes do encontro evidenciam a vontade geral de retomar o diálogo na região e de buscar uma agenda concreta de cooperação em setores como infraestrutura, saúde e luta contra o crime organizado. Enquanto no longo prazo, as relações dos 11 líderes que aceitaram o convite, será sobre a possibilidade de criar um novo órgão em substituição à União das Nações Sul-Americanas (Unasul) ou a revitalização dessa instituição, que foi promovida por Hugo Chávez para combater a influência dos Estados Unidos na região.
Passagens pensadas para atingir uma maior integração entre os países dessa área do mundo, agora liderados em sua maioria por Executivos de esquerda ou centro-esquerda, em vista da presidência do G20, que o Brasil assumirá em dezembro. Mas, também em perspectiva para a COP30, que será sediada em Belém, no Pará, em 2025, um resultado obtido também graças ao apoio recebido dos países sul-americanos.
Como pano de fundo, continua ainda o sonho cultivado pelo líder brasileiro de uma moeda regional comum, para ser usado em paralelo às moedas nacionais, para reforçar comércios e reduzir a dependência do dólar americano.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebido por Lula para uma reunião bilateral no Planalto, está entre os primeiros chefes de Estado e governo a chegar a Brasília. Uma volta que marca a retomada das relações entre os dois países depois do gelo da era Bolsonaro.
Durante o encontro, que viu a assinatura de alguns acordos, falou-se da retomada do diálogo com a oposição em Caracas em vista das eleições de 2024. Mas, também discutiu-se dossiês econômicos, depois que a Venezuela - afetada por uma inflação que supera 300% - pediu para abrir uma negociação, oferecendo ao Brasil saldar as próprias dívidas com eletricidade e petróleo.
E não está excluído que os dois líderes debatam também sobre o confronto da Ucrânia, com Maduro que recentemente declarou apoio às iniciativas de mediação promovidas pelo presidente brasileiro e pelo chinês, Xi Jinping (ANSA).