(ANSA) - Morreu nesta segunda-feira (12), aos 86 anos de idade, o senador e ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi, protagonista da vida política no país nas últimas três décadas.
O líder do partido conservador Força Itália (FI) havia sido internado na última sexta (9) no Hospital San Raffaele, em Milão, para a realização de exames programados no quadro de uma leucemia mielomonocítica crônica, mas acabou falecendo às 9h30 (horário local) desta segunda.
O ex-primeiro-ministro já tinha passado 44 dias internado no mesmo hospital entre abril e maio e chegou a ficar na UTI por causa de uma infecção respiratória.
O governo da Itália proclamou luto nacional na próxima quarta-feira (14), dia do funeral de Estado de Berlusconi. A cerimônia fúnebre será na Catedral de Milão, cidade natal e berço político do ex-premiê, mas o velório será restrito para familiares mais próximos por questões de ordem pública.
Chegou a ser anunciado que o corpo de Berlusconi seria velado nesta terça (13), nos estúdios do grupo Mediaset em Cologno Monzese, nos arredores de Milão, mas o conglomerado de mídia do líder conservador desistiu da ideia por razões de segurança.
De acordo com fontes próximas à família, o corpo do ex-primeiro-ministro ficará na Villa San Martino, sua mansão na cidade de Arcore, perto de Milão, até o funeral.
Um despacho assinado pelo subsecretário da Presidência do Conselho dos Ministros, Alfredo Mantovano, também determina que as bandeiras da Itália e da União Europeia fiquem a meio mastro até quarta-feira em todos os prédios públicos no país e nas embaixadas e consulados no exterior.
"Recebo com profunda tristeza a notícia da morte de Berlusconi, protagonista de longas temporadas da política italiana e das instituições republicanas", disse o presidente Sergio Mattarella em um comunicado. "Berlusconi foi um grande líder político que marcou a história da nossa República", acrescentou o chefe de Estado, definindo o ex-premiê como uma "pessoa dotada de grande humanidade e empreendedor de sucesso".
Trajetória
Berlusconi governou a Itália por três vezes, entre os anos de 1994 e 1995, 2001 e 2006 e 2008 e 2011, e era senador da República desde o fim do ano passado, integrando a base de apoio da premiê Giorgia Meloni, sua aliada de longa data.
"Silvio Berlusconi era sobretudo um combatente, era um homem que nunca teve medo de defender suas convicções, e foram justamente essa coragem e determinação que o tornaram um dos homens mais influentes da história da Itália e permitiram que ele provocasse reviravoltas no mundo da política, da comunicação e empresarial", afirmou a atual chefe de governo.
Segundo Meloni, o ex-premiê ensinou que a Itália "nunca deve se colocar limites" ou "se dar por vencida". "Com ele, nós lutamos, vencemos e perdemos muitas batalhas. E, por ele, realizaremos os objetivos que estabelecemos juntos. Adeus, Silvio", acrescentou.
Empresário de sucesso no ramo imobiliário e de mídia e um dos homens mais ricos do país, Berlusconi é recordista de tempo no poder na era republicana na Itália e ainda mantinha influência na política nacional, embora cada vez menor nos últimos anos.
Formado em direito, construiu uma reputação de homem de negócios investindo em meios de comunicação, empresas de publicidade, alimentícias e na construção civil. Estabeleceu um canal de TV a cabo, Telemilano, que tornou-se o conglomerado Mediaset, e também comprou um dos maiores clubes do país, o Milan, que viveu seu período mais vitorioso sob o comando do ex-premiê, que o vendeu em 2017. Atualmente, era dono do Monza, que também disputa a Série A do futebol nacional.
Já consolidado como empresário, Berlusconi aproveitou a "ressaca" da Operação Mãos Limpas, que afundou os principais partidos políticos do país, e criou em 1994 sua própria legenda, o FI, que o elegeria primeiro-ministro naquele mesmo ano.
Processos
Berlusconi também teve sua trajetória política marcada por problemas judiciais, como a condenação a um ano de serviços sociais por fraude fiscal em 2013, sentença que levou à cassação de seu mandato de senador e o deixou inelegível até 2019.
Ele ainda respondia a processos na Justiça por suspeita de manipulação de testemunhas nos casos apelidados de "Ruby ter", desmembramentos do inquérito "Ruby", no qual ele foi absolvido das acusações de prostituição de menores e abuso de poder.
Berlusconi deixa a sua companheira, a deputada Marta Fascina, e cinco filhos: Marina, Pier Silvio, Barbara, Eleonora e Luigi. (ANSA)
Leggi l'articolo completo su ANSA.it