(ANSA) - Por Lucas Rizzi - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inicia nesta quinta-feira (22) o julgamento de uma ação que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por oito anos e redesenhar o mapa político brasileiro, especialmente na direita.
Bolsonaro é acusado pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) de "abuso de poder político e dos meios de comunicação" ao ter convocado um evento com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para atacar o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, com transmissão pela emissora estatal TV Brasil.
O Ministério Público Eleitoral defende a condenação de Bolsonaro e sua inelegibilidade por oito anos, resultado que é considerado o mais provável por analistas políticos. "O próprio posicionamento de Bolsonaro é de conformismo diante de uma provável condenação", diz à ANSA José Alves Trigo, analista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
O ministro Benedito Gonçalves, relator do caso no TSE, será o primeiro a dar seu voto, seguido por Raul Araújo, Floriano de Azevedo, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques (o único indicado por Bolsonaro) e Alexandre de Moraes, presidente da corte.
Se um dos juízes pedir vista - ou seja, mais tempo para analisar o processo -, o julgamento será interrompido e retomado dentro de até 30 dias, prorrogáveis por mais 30. A contagem desse prazo ainda seria suspensa durante o recesso do Judiciário no mês de julho.
"A condenação é o mais provável, dados todos os ataques que Bolsonaro fez às instituições. Se a Justiça não condenar, vai autorizar outros políticos a desrespeitar as regras", afirma Eduardo Grin, cientista político da Fundação Getúlio Vargas.
Segundo ele, uma eventual condenação provocaria o fracionamento da direita e da extrema direita, uma vez que Bolsonaro não tem um sucessor natural para disputar a Presidência em 2026.
Mais do que os filhos do ex-presidente, despontam como possíveis herdeiros políticos os governadores dos estados mais populosos do Brasil: Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Romeu Zema (Minas Gerais). No entanto, de acordo com Alves Trigo, nenhum deles tem a "excentricidade" que marca Bolsonaro.
Uma possível condenação também poderia ajudar a pacificar a política brasileira, após a crescente tensão que culminou nos atos golpistas de 8 de janeiro. "Não se descarta algum tipo de mobilização mais radical quando a condenação se consumar, embora eu ache isso cada vez menos provável. A tendência é caminhar mais para o centro, para uma direita mais palatável", afirma Grin. (ANSA)
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