Política

Julgamento de Bolsonaro se estende a conspirações golpistas

Ex-presidente recebeu 1º voto de condenação por abuso de poder

Bolsonaro está sendo julgado no Tribunal Superior Eleitoral

Redazione Ansa

(ANSA) - Por Patrizia Antonini - Um longo e "perigoso flerte com o golpe". O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral brasileiro se expande para tramas de conspiração, afastando as rotas de fuga do líder soberano diante de uma condenação de inelegibilidade por oito anos, por abuso de poder e uso distorcido da mídia para fins eleitorais.

Na reconstituição do ministro Benedito Gonçalves, relator do processo contra o ex-presidente - no centro da segunda audiência que resultou no primeiro voto (de sete) de condenação -, o episódio do encontro com os embaixadores de julho de 2022, que trouxe o ex-chefe de Estado ao banco dos réus, foi uma oportunidade de esclarecer suas responsabilidades nos planos arquitetados contra Lula.

A exposição de Gonçalves é destinada a orientar o voto dos outros seis ministros - Raul Araújo, Floriano de Azevedo, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques - o único indicado por Bolsonaro -, e Alexandre de Moraes - que amanhã, e se necessário também na sexta-feira, apresentarão suas decisões.

Em uma sessão que durou mais de três horas, em que Gonçalves resumiu 460 páginas de motivações, foi destacada "a gestação" do golpe de Estado que depois culminou no ataque aos Palácios da Democracia em 8 de janeiro.

"A conspiração e a vitimização foram amplamente exploradas por Bolsonaro em seu discurso" no encontro com os diplomatas, "para incutir a ideia de que as eleições corriam um grande risco de serem fraudadas e que o então presidente, em simbiose com as Forças Armadas, fazia uma cruzada em nome da transparência e da democracia", alertou o relator.

Por este motivo, Gonçalves, contra os pedidos da defesa, decidiu manter no processo o documento conspiratório encontrado no final de janeiro na casa do ex-ministro bolsonarista Anderson Torres; texto que, aliás, já havia sido incluído no arquivo.

Uma minuta, que "apesar de ser posterior", segundo o magistrado, está "relacionada com o julgamento" e é importante para a análise dos fatos processuais. Esse rascunho, na sua opinião, é de fato "perigosamente compatível com a lógica defendida" por Bolsonaro "no encontro com os embaixadores", que transformou o Brasil em um barril de pólvora nos meses iniciais do ano.

Segundo a maioria dos observadores políticos, o julgamento terminará com a condenação do ex-chefe de Estado, o que o manterá fora da disputa pelas eleições presidenciais de 2026.

Mas permanece, porém, a incógnita do pedido de reexame, que pode adiar o julgamento em dois meses, ganhando tempo para Bolsonaro tirar alguma novidade da cartola.

Em recente entrevista à Folha de SP, o líder de direita disse que, se condenado, "não vai se desesperar". O ex-presidente disse estar avaliando a possibilidade de recurso, mas sobretudo deixou claro que tem "um ás na manga" para as eleições de 2026. E seus apoiadores já estão trabalhando forte para arrecadar novos recursos. (ANSA).
   

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