(ANSA) - A Associação Nacional de Magistrados da Itália (ANM) cobrou neste sábado (8) que o governo da premiê Giorgia Meloni respeite o trabalho do poder Judiciário, em meio às notícias de que dois membros do Executivo são alvos de inquéritos na Justiça.
O posicionamento da ANM chega dois dias após fontes do governo terem dito que "é lícito questionar se uma franja da magistratura teria escolhido desempenhar um papel ativo de oposição" e antecipar "a campanha para as eleições europeias" de 2024.
As fontes se referiam à revelação pela imprensa, na última quinta-feira (6), de um inquérito por falência fraudulenta contra a ministra do Turismo, Daniela Santanchè, que um dia antes dissera no Senado que não era investigada; e a um caso contra o subsecretário do Ministério da Justiça, Andrea Delmastro, suspeito de revelação de informação confidencial sobre um anarquista preso em regime de isolamento.
Tanto Santanchè quanto Delmastro pertencem ao partido Irmãos da Itália (FdI), liderado por Meloni.
Segundo a ANM, a acusação do governo contra parte da magistratura é "pesadíssima" e "deslegitima" o trabalho da Justiça. Além disso, a entidade cobrou o respeito pela independência dos juízes e pela separação dos poderes e disse esperar que "essas tomadas de posição não sejam realmente compartilhadas pela maioria governista".
"Que alguns dias de reflexão possam conduzir a conclusões mais pensadas", acrescentou a ANM neste sábado. O presidente da associação, Giuseppe Santalucia, também definiu o ataque do governo como "ainda mais insidioso porque foi feito por fontes anônimas".
A maioria governista, no entanto, não amenizou o tom. Segundo o vice-presidente do Senado, Maurizio Gasparri, do partido conservador Força Itália (FI), o caso Delmastro "é a demonstração de que, instigados pelas togas vermelhas, amplos setores da magistratura querem contestar a autonomia do poder Executivo".
Em junho passado, a gestão Meloni apresentou um controverso projeto de reforma do sistema judiciário que abole o crime de abuso de poder e limita a divulgação de informações obtidas por meio de grampos telefônicos, iniciativa criticada pela ANM. (ANSA)
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