(ANSA) - O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi à CPI dos Atos Golpistas do Congresso Nacional nesta terça-feira (11), mas decidiu ficar em silêncio durante o depoimento.
Cid chegou ao Congresso por volta das 9 horas da manhã, usando a farda do Exército, escoltado e acompanhado por advogados.
Ele fez uma declaração inicial afirmando que não houve ingerência política em sua nomeação como ajudante.
"A vinculação administrativa do cargo foi estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional, de onde provinha, inclusive, minha remuneração", declarou, adicionando ainda que não participava das decisões do governo.
Em seguida, Mauro Cid informou que ficaria em silêncio: "Sem qualquer intenção de desrespeitar vossas excelências e os trabalhos conduzidos por esta CPMI, considerando minha inequívoca condição de investigado, por orientação da minha defesa e com base em habeas corpus concedido em meu favor pelo STF, farei uso do meu direito constitucional ao silêncio".
A defesa do ex-ajudante havia solicitado ao Supremo Tribunal Federal que ele não fosse obrigado a comparecer. A ministra Carmen Lúcia decidiu que ele deveria ir, mas que não seria obrigado a responder aos questionamentos para não se autoincriminar.
Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio e é suspeito de fraude em cartões de vacina de Bolsonaro, familiares e assessores, inserindo imunizantes contra a Covid-19 que não foram aplicados, através do sistema do Ministério da Saúde.
Após a detenção, foram encontradas mensagens no celular do militar tratando de possíveis articulações para um golpe de Estado.
Apesar do aviso de que não haveria respostas, os parlamentares da CPMI decidiram manter a sessão de perguntas.
A relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou, por exemplo, se Mauro Cid confirmava a falsificação de documentos, se tinha arrependimento por participar de movimentos extremistas e por que usava dinheiro em espécie para transações.
Os integrantes da CPMI ainda obtiveram uma lista com os 73 visitantes de Mauro Cid na prisão em menos de 20 dias, sendo 41 militares, além de ex-integrantes do governo Bolsonaro, outros políticos, empresários e familiares. (ANSA).