(ANSA) - A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, insinuou nesta quarta-feira (12) uma ação "política" no caso de um subsecretário do governo acusado de divulgação de informações sigilosas.
Em coletiva de imprensa em Vilnius, na Lituânia, após cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a premiê, no entanto, negou a existência de um "conflito" entre a política e a magistratura.
Na semana passada, fontes do governo italiano divulgaram um comunicado em que questionam se "uma franja" do Judiciário não teria "escolhido desempenhar um papel ativo de oposição", em referência ao indiciamento forçado do subsecretário do Ministério da Justiça, Andrea Delmastro, por suposta revelação de informação sigilosa referente a um famoso anarquista preso em regime de isolamento.
A decisão foi tomada por um juiz de Roma apesar do parecer do Ministério Público favorável ao arquivamento. "A questão de Delmastro me afetou muito, é uma questão política e que diz respeito a um expoente do governo no exercício de seu mandato", declarou Meloni nesta quarta.
No entanto, a premiê esclareceu que, do seu ponto de vista, "não existe qualquer conflito com a magistratura".
Outros casos judiciais contra integrantes da maioria também provocaram reações negativas no governo italiano, como a revelação pela imprensa de um inquérito por falência fraudulenta contra a ministra do Turismo, Daniela Santanchè, e uma denúncia de estupro contra o filho mais novo de Ignazio La Russa, presidente do Senado e aliado de longa data de Meloni.
Segundo a Associação Nacional de Magistrados (ANM), as críticas do governo são "pesadíssimas" e "deslegitimam" o trabalho da Justiça. Além disso, a entidade cobrou o respeito pela independência dos juízes e pela separação dos poderes.
Em junho passado, a gestão Meloni apresentou um controverso projeto de reforma do sistema judiciário que abole o crime de abuso de poder e limita a divulgação de informações obtidas por meio de grampos telefônicos. Além disso, o governo quer impedir que procuradores se tornem juízes, e vice-versa, algo possível pela legislação atual.
"A separação de carreiras está no nosso programa e é um dos nossos objetivos", disse Meloni, acrescentando que não se trata de uma maneira de atacar a magistratura. (ANSA)
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