(ANSA) - O chefe de comunicação institucional da região do Lazio, Marcello De Angelis, está no centro de uma polêmica política na Itália neste domingo (6), após dizer que três dos terroristas de extrema-direita condenados pelo atentado de Bolonha em 1980 são inocentes.
O ataque à estação ferroviária central de Bolonha, no norte do país, ocorreu em 2 de agosto de 1980, provocando a morte de 85 pessoas e deixando mais de 200 feridos. O massacre tornou-se o pior dos "Anos de Chumbo" de violência política na Itália nas décadas de 1970 e 1980.
Em uma publicação nas redes sociais, De Angelis escreveu que sabia "com certeza" que três das cinco pessoas condenadas pelo atentado, Giusva Fioravanti, Francesca Mambro e Luigi Ciavardini, ex-membros do grupo terrorista de direita Núcleo Armado Revolucionário (NAR), "não tinham nada a ver com o massacre de Bolonha".
Além disso, disse que o aniversário do atentado de 2 de agosto "é sempre um dia muito difícil para quem conhece a verdade, que todos os anos é pisoteada, até pelas mais altas figuras do Estado".
Os comentários provocaram indignação dos partidos que se opõem ao executivo regional de direita do governador Francesco Rocca na região do Lazio, que afirmaram que De Angelis estava tentando reescrever a história e pediu que ele renuncie ou seja demitido.
"O que Marcello De Angelis, que não é um simples cidadão, mas o porta-voz institucional da região do Lazio, escreveu em seu perfil no Facebook é grave e inaceitável", disseram Daniele Leodori, chefe regional do Partido Democrático (PD), e Mario Ciarla, líder do PD na Assembleia regional, em um comunicado conjunto.
"Pedimos ao governador Rocca que se distancie (dos comentários) e que De Angelis renuncie. Quem escreve coisas assim não pode ser o chefe de comunicação da nossa região", acrescentaram.
Já o governador da Emilia-Romagna, Stefano Bonaccini, também do PD, disse que os comentários eram "desprezíveis e mentirosos". "Ele deveria vir a Bolonha e dizer essas coisas", enfatizou.
Para a secretária do PD, Elly Schlein, as palavras do porta-voz do Lazio sobre o massacre de Bolonha são "ignóbeis", e ele deve pedir "renúncia imediata". "Se os líderes da região do Lazio não o fizerem, é a primeira-ministra Giorgia Meloni quem toma medidas imediatas", afirmou.
De Angelis, um ex-membro do grupo neofascista Terza Posizione (Terceira Posição), respondeu à briga comparando-se a Giordano Bruno, o filósofo italiano queimado na fogueira em 1600 pela Igreja Católica por heresia. "Eu disse o que penso sem medo das consequências", ressaltou.
Segundo o porta-voz institucional, "se eu tiver que pagar por isso e ser incendiado como Giordano Bruno por ter violado um dogma, tenho orgulho de fazê-lo".
Na última semana, no 43º aniversário do atentado de Bolonha, a premiê da Itália, Giorgia Meloni, líder do partido de direita Irmãos da Itália (FdI), também foi criticada por vários políticos da oposição por não especificar que o ataque era de natureza neofascista, algo que o presidente Sergio Mattarella fez.
"É grave que Meloni no dia da comemoração não tenha dito que o massacre de Bolonha foi um massacre neofascista, seria muito grave se ela continuasse a permitir que seus associados distorcessem a verdade do julgamento. Acabasse, de uma vez por todas, com este perverso ataque à história", concluiu Schlein. (ANSA).