(ANSA) - O ministro da Justiça da Itália, Carlo Nordio, lamentou nesta segunda-feira (14) a morte de detentas em prisões no sul do país, na semana passada, e enfatizou que "cada suicídio cometido por uma pessoa na prisão é uma derrota pessoal".
"Meu primeiro pensamento vai para a memória daqueles que fizeram a escolha dramática de tirar a própria vida", declarou ele em uma mensagem de vídeo, após três suicídios.
Segundo Nordio, "não é apenas uma tendência nacional, mas também global, uma tragédia" que é preciso "fazer todo o possível para reduzir, senão eliminar".
"Cada suicídio é uma derrota para o Estado, para a justiça e para mim pessoalmente", acrescentou ele.
Na última sexta-feira (11), duas detentas morreram na prisão de Lorusso e Cotugno, conhecida como Le Vallette, em Turim. Uma delas, uma mulher nigeriana de 43 anos, faleceu após fazer uma greve de comida, água e medicamentos por 18 dias por não conseguir ver seu filho. A outra, uma italiana, cometeu suicídio enforcando-se em sua cela.
Já no dia seguinte, uma prisioneira de 44 anos, detida após uma operação antidrogas em fevereiro, foi encontrada morta em sua cela na prisão de Rossano, na Calábria.
Em sua mensagem, o ministro da Justiça disse que pretende propor "a ampliação das conversas telefônicas dos presos no contato com familiares", com exceção das pessoas condenadas pelo "crimes mais perigosos".
"Muitas vezes as prisões são esquecidas, especialmente nesta época em que as pessoas estão de férias. Queria enviar a minha mensagem porque uma parte da nossa República vive - e trabalha - em prisões até no Ferragosto; há servidores do Estado - a quem devemos agradecer - e há pessoas privadas de liberdade que, em nesses presídios, estão cumprindo pena e trilhando um caminho de reintegração à sociedade, conforme consagrado na Constituição", explicou Nordio.
Nos últimos dias, os recentes suicídios nas prisões trouxeram as más condições e a superlotação crônica nas prisões da Itália de volta aos holofotes. Nordio, porém, disse que a solução é readaptar os antigos quartéis do exército como prisões para pessoas condenadas por crimes menores.
No entanto, a associação de direitos dos prisioneiros e os sindicatos que representam os policiais penitenciários insistem que são necessários mais funcionários prisionais e medidas não privativas de liberdade como alternativa à prisão.
"Recrutamos 57 novos conselheiros prisionais, que vão assumir funções no final do ano, e 2.800 guardas prisionais, que vão compensar a falta de pessoal", revelou Nordio.
De acordo com o ministro, "a nossa atenção está particularmente virada para a assistência psicológica, porque os reclusos necessitam não só de supervisão, mas também de apoio para a sua recuperação mental e física, o que pode ser um precursor da reintegração na sociedade".
"O Estado deve garantir a certeza da punição, mas não podemos esquecer que a punição também deve ter uma função reabilitadora, não só porque a Constituição assim o exige, mas porque isso é imposto pela ética", concluiu ele, enfatizando que "não há soluções imediatas e fáceis, nem varinhas mágicas", mas o governo está "trabalhando com a máxima prioridade para reduzir as dificuldades (ANSA).