(ANSA) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ficaram calados diante de um interrogatório simultâneo na sede da Polícia Federal em Brasília, no âmbito do inquérito sobre a venda de joias presenteadas por governos árabes.
Bolsonaro e sua esposa optaram "por adotar a prerrogativa do silêncio no tocante aos fatos", informou a defesa do casal, que diz também que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não tem prerrogativa para conduzir o caso.
Segundo o ex-presidente e a ex-primeira-dama, o processo deveria ser transferido à primeira instância da Justiça e sair do STF.
Além de Bolsonaro e Michelle, também prestaram depoimento Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da presidência da República e advogado do ex-mandatário; o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens; o general Mauro Lourena Cid, pai de Mauro; Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro; e os ex-assessores da presidência tenente Osmar Crivelatti e coronel Marcelo Câmara.
A maioria dos depoimentos durou menos de uma hora, tendo em vista que Bolsonaro, Michelle, Wajngarten e Câmara permaneceram em silêncio. Em comunicado à imprensa brasileira, as defesas dos quatro informaram que a decisão foi tomada por julgarem que o STF não é a instância adequada.
A suspeita da PF é de que o grupo tenha articulado a venda no exterior de presentes recebidos por Bolsonaro em viagens oficiais a países árabes, como relógios de luxo e joias.
Wassef, inclusive, já havia admitido que pagou US$ 49 mil para recomprar um Rolex dado a Bolsonaro pela Arábia Saudita e que havia sido vendido por Cid em uma joalheria nos Estados Unidos.
A PF decidiu realizar os interrogatórios ao mesmo tempo para evitar uma combinação de versões dos investigados. Moraes já havia proibido a comunicação entre os envolvidos.
Na semana passada, Cid prestou depoimento por cerca de 10 horas na sede da PF em Brasília. Até o momento, não há informações sobre o que ele revelou, mas, em outras ocasiões, ele já havia dito que recebia os presentes de luxo dados ao ex-presidente. A defesa do Bolsonaro, por sua vez, nega que ele tenha desviado ou se apropriado de bens públicos. (ANSA).