Política

Chile chega dividido aos seus 50 anos do golpe

Direita não firma condenação e Bachelet vê 'clima tóxico'

Manifestações em repúdio à ditadura ocorrem por ocasião do aniversário do golpe

Redazione Ansa

(ANSA) - Por Patrizia Antonini - O Chile chega dividido ao compromisso com o aniversário dos 50 anos do golpe de Augusto Pinochet.

As forças de direita, do Chile Vamos aos Republicanos de José Antonio Kast, informaram que não querem aderir a uma declaração proposta pelo presidente progressista Gabriel Boric sobre o empenho para proteger a democracia e os direitos humanos, tendo em vista as comemorações da próxima segunda-feira (11).

"Não estamos dispostos a participar de iniciativas que gerem mais divisão. Não nos colocaremos a serviço de uma verdade oficial", declarou o presidente da Unión Demócrata Independiente, o senador Javier Macaya, especificando que a posição é compartilhada pela coalizão Chile Vamos, que compreende também a Renovación Nacional do ex-presidente Sebastián Piñera, e a Evolución Política.

"Estamos abertos a todo diálogo possível sobre direitos humanos, democracia e condenação da violência, mas as verdades históricas são um tema muito difícil sobre o qual encontrar consenso. Existem análises e pontos de vista diversos", declarou o parlamentar.

O presidente do Partido Republicano, Arturo Squella, foi na mesma linha: "A declaração entra no contexto de uma encenação da divisão. Não faremos parte".

Na semana passada, Boric entregou o texto aos líderes da oposição para tentar chegar a um compromisso com todo o espectro político.

O rascunho, segundo antecipou o jornal La Tercera, é composto por quatro pontos, com títulos genéricos, como "cuidar e defender a democracia, respeitando a Constituição, as leis e o Estado de Direito diante de ameaças autoritárias e da intolerância", e "defender o valor e a promoção ilimitada dos direitos humanos".

São temas sobre os quais os expoentes de Chile Vamos afirmam não ter problemas.

Na realidade, o que preocupa a direita é o teor dos anúncios e das iniciativas do presidente durante o maxi-evento no Palácio de La Moneda, onde são esperados sete líderes no cargo, entre os quais Lula, e uma dezena de ex-chefes de Estado e de governo, entre os quais o ex-premiê italiano Massimo D'Alema.

Mais especificamente, Chile Vamos e Republicanos são contrários ao fechamento do cárcere especial de Punta Peuco (penitenciária onde estão detidos exclusivamente os militares condenados por crimes cometidos durante a ditadura) e à revogação do segredo da Comissão Valech (sobre os abusos cometidos durante o regime militar).

Ambas as iniciativas estão sendo avaliadas pelo Executivo.

"Uma atmosfera verdadeiramente tóxica", segundo a ex-chefe de Estado Michelle Bachelet, que foi a campo apoiar a declaração unitária.

Boric, no entanto, promete que não se dará por vencido: "Insistirei até o último momento", declarou, para criar condições para que todos assinem o texto que estabelece um compromisso do Chile com os direitos humanos e a democracia. Um documento para, finalmente, virar a página. (ANSA).
   

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