Política

Chile lembra 50 anos do golpe com protestos e sociedade dividida

Manifestações em Santiago tiveram infiltrados e vandalismo

Chile teve manifestações por aniversário do golpe

Redazione Ansa

(ANSA) - O presidente do Chile, Gabriel Boric, presidiu nesta segunda-feira (11), em Santiago, a cerimônia central por ocasião dos 50 anos do golpe de estado que depôs o presidente Salvador Allende.

No evento, na Plaza de la Constitución, o chefe de Estado oficializou um documento de "empenho pela democracia" assinado pelos quatro ex-presidentes do país ainda vivos (Eduardo Frei, Ricardo Lagos, Michelle Bachelet e Sebastián Piñera).

Também compareceram outros líderes latinos - o mexicano Andrés Manuel López Obrador, o colombiano Gustavo Petro, o boliviano Luis Arce e o uruguaio Luis Lacalle Pou - além do premiê português António Costa.

O país também foi palco, desde domingo (10), de manifestações, como a tradicional "romería" anual da Coordenação Nacional dos Direitos Humanos e Sociais, em que um grupo de infiltrados encapuzados causou desordem e graves danos ao Palacio de la Moneda e ao Cemitério Geral.

Nesta segunda, outro protesto em homenagem às vítimas da ditadura militar de Augusto Pinochet acabou resultando em confrontos com a polícia e incêndios dolosos, com ao menos 11 pessoas presas.

Gabriel Boric, que havia participado brevemente do cortejo, repudiou o episódio: "Condeno categoricamente esses eventos, sem desculpa. A irracionalidade de atacar o que Allende e tantos outros democratas combateram é ignóbil".

Meio século após o golpe de 1973, o país segue dividido entre apoiadores e quem repudia o período.

O partido de direita pinochetista Unión Demócrata Independiente (UDI) emitiu uma declaração com oito pontos justificando o golpe, afirmando que "o 11 de setembro se transformou em algo inevitável".

O documento responsabilizou o governo socialista da Unidad Popular pela "quebra da democracia, propiciando um confronto" com diversas instituições.

Para a UDI, que se recusou a firmar um texto unitário para condenar o golpe, "entre 1970 e 1973 houve uma ruptura social, política e institucional sobre a qual o 11 de setembro não pôde ser evitado".

Uma pesquisa realizada pelo instituto Cadem também revelou a cisão social sobre o tema: perguntados sobre se o golpe poderia ser evitado, 51% dos entrevistados disseram que não.

Questionados sobre a responsabilidade do golpe, 44% creditaram a Pinochet e às Forças Armadas, enquanto 39% culparam Salvador Allende e o governo. (ANSA).
   

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