Política

Presidente da Itália faz alerta contra 'capitalismo predatório'

Sergio Matarella discursou na assembleia anual da Confederação-Geral da Indústria Italiana

Redazione Ansa

(ANSA) - O presidente italiano, Sergio Mattarella, afirmou nesta sexta-feira (15) que não é o "capitalismo predatório" que faz crescer a Europa e a Itália, mas sim aquele que distribui as riquezas.

A declaração foi dada durante discurso na assembleia anual da Confederação-Geral da Indústria Italiana (Confindustria).

"Foi o Abade Galiani quem nos disse, no século 18, que 'a tirania é aquele governo em que alguns ficam felizes à custa de todos os outros que se tornam infelizes' e o aumento das desigualdades ameaça tornar atual esse cenário", alertou o mandatário italiano.

Segundo ele, "a Itália avança e desenvolve-se com o diálogo entre os parceiros sociais" e "é necessário ter presentes os deveres descritos no artigo 2 da Constituição, que exige o cumprimento dos deveres obrigatórios de solidariedade política, econômica e social".

Para Mattarella, "as empresas estão no centro de um sistema de valores, e não apenas econômicos. Têm responsabilidades que vão além das fronteiras, além das suas mulheres e homens, e além dos seus mercados".

Ovacionado durante o evento, o presidente da Itália reforçou que as companhias "são veículos de crescimento, de inovação, de formação, de cultura, integração, de multiplicação de influências, de fator de soft power. E são também agentes de liberdade".

"Gerar riqueza é uma função social importante. É uma das primeiras responsabilidades sociais da empresa, claro, sem prejuízo de outros bens, individuais ou coletivos", acrescentou.

No entanto, alertou que "não é o capitalismo predatório que a Constituição considera quando define as regras do jogo. O princípio não é o da concentração da riqueza, mas o da sua difusão. Conhecemos o modelo: e é isso que fez crescer a Itália e a Europa".

"A Constituição está decididamente comprometida com uma economia de mercado em que a liberdade política é o quadro em que se insere a liberdade econômica, as atividades com as quais as empresas participam", disse. "Mas preste atenção: em que condições o dispositivo constitucional é aplicado?, questionou o presidente.

"Quando os poderes públicos garantirem a qualidade dos serviços, a eficácia, eficiência e clareza do sistema regulatório; quando for garantida a segurança contra as formas que o crime assume; quando a eficácia das sanções contra comportamentos incorretos for justa e incisiva", respondeu.

O chefe de Estado referiu-se ainda à segurança no trabalho, tema que tem estado na ordem do dia nas últimas semanas devido a uma sucessão de acidentes mortais. "É um tema que desafia a consciência de todos. "A democracia é o resto das regras, começando pelas do trabalho", disse ele.

De acordo com Mattarella, a Itália enfrenta o problema dos muitos jovens que vão para o exterior "devido à pobreza das ofertas salariais disponíveis" e isto é uma responsabilidade que desafia o mundo empresarial, porque "o progresso de um país depende do seu capital social".

Por fim, ele ressaltou que os políticos deveriam resistir à tentação de aproveitar a onda de emoção provocada pelos medos das pessoas. "Se há algo que uma democracia não pode se permitir é que a sua conduta, a das autoridades e dos cidadãos, seja movida por sentimentos puramente circunstanciais, com prevalência de impulsos de ansiedade e medo", concluiu. (ANSA).
   

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