(ANSA) - A premiê da Itália, Giorgia Meloni, caiu em um trote telefônico no qual comediantes russos se passaram por um político de alto escalão da África em uma conversa sobre a guerra na Ucrânia.
A ligação ocorreu antes da Assembleia Geral da ONU, em setembro, e foi protagonizada pelos humoristas Vovan (Vladimir Kuznetsov) e Lexus (Alexey Stolyarov), já conhecidos por pregar peças em líderes internacionais.
Um deles se passou pelo presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, para conseguir entrar em contato com Meloni, que, durante a conversa, disse que há "muito cansaço em todas as partes" na guerra russo-ucraniana e que "se aproxima o momento em que todos entenderão que é necessária uma porta de saída".
"O problema é encontrar uma saída aceitável para ambas as partes e sem destruir a lei internacional. Tenho algumas ideias sobre como lidar com essa situação, mas espero o momento certo para colocá-las na mesa", afirmou Meloni no telefonema.
Além disso, a premiê reconheceu que a contraofensiva ucraniana "não caminha como se esperava" e "não mudou o destino do conflito", embora ressaltando que Kiev "está fazendo o que é justo fazer".
A revelação do trote provocou reações imediatas na oposição, que acusa a premiê de constranger a Itália. "Nossa primeira-ministra achou que falava com um alto representante africano, mas estava no telefone com dois comediantes russos, a quem explicou posições sobre assuntos delicadíssimos para nossa segurança. Um vexame planetário", afirmou o ex-premiê Giuseppe Conte, do populista Movimento 5 Estrelas (M5S).
Já o secretário do partido de centro Mais Europa, Riccardo Magi, afirmou que as pessoas responsáveis pela segurança das comunicações da chefe de governo expuseram a Itália "a um grave perigo, além do ridículo". "Giorgia Meloni deve vir ao Parlamento explicar como foi possível essa grave falha de segurança e se o apoio à Ucrânia permanece inalterado", acrescentou.
Por meio de uma nota, o governo italiano lamentou que o "gabinete do conselheiro diplomático" da premiê tenha sido "enganado por um impostor". "O episódio ocorreu em 18 de setembro, no âmbito do intenso empenho de Meloni naquele momento para reforçar as relações com líderes africanos", justificou o Palácio Chigi.
A premiê, no entanto, não é a primeira vítima de Vovan e Lexus, que no passado já pregaram peças na ex-chanceler alemã Angela Merkel, no presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e no primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
Em 2015, eles também enganaram o músico Elton John ao se passar pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. Na ocasião, o próprio astro pop disse que havia falado com o líder russo pelo telefone e que os dois se encontrariam para conversar sobre os direitos dos homossexuais. (ANSA)
Leggi l'articolo completo su ANSA.it