(ANSA) - Em seu tradicional discurso de final de ano, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, pediu apoio à paz e conscientização dos mais jovens.
"Esta noite estamos nos preparando para celebrar a chegada do novo ano. Na esperança habitual de que dias positivos e tranquilizadores se abram”, começou, cumprimentando as “queridas concidadãs” e os “queridos concidadãos".
"Não podemos desviar o pensamento do que está acontecendo ao nosso redor. Em nossa Itália, no mundo. Sabemos que estamos em uma temporada que apresenta muitos motivos de alarme. E, ao mesmo tempo, novas oportunidades. Sentimos angústia pela violência que frequentemente testemunhamos: entre os Estados, na sociedade, nas ruas, nas cenas da vida cotidiana", disse o presidente da República.
"É indispensável dar espaço à cultura da paz. À mentalidade de paz. Falar de paz hoje não é um idealismo abstrato. Pelo contrário, é o exercício mais urgente e concreto de realismo, se quisermos encontrar uma saída para uma crise que pode ser devastadora para o futuro da humanidade”, disse Mattarella.
"Sabemos que para encerrar as guerras em curso, não basta apenas invocar a paz. É necessário que ela seja perseguida pela vontade dos governos. Primeiramente, daqueles que desencadearam os conflitos”, reforçou.
Em um ano em que o país se chocou com episódios de estupros coletivos, violências contra mulheres e feminicídios, com especial repercussão para o da jovem de 22 anos Giulia Cecchettin pelo ex-namorado, o presidente também abordou o assunto.
"Gostaria de me dirigir aos mais jovens. Queridos rapazes, eu lhes digo com palavras simples: o amor não é egoísmo, posse, domínio, orgulho mal compreendido. O amor, o verdadeiro, é muito mais do que respeito: é doação, gratuidade, sensibilidade”, disse.
A democracia também foi um tema abordado: "Estamos vivendo uma época de transição. Podemos todos contribuir para a nossa Itália. Algo importante. Com nossos valores. Com a solidariedade da qual somos capazes. Com a participação ativa na vida civil. Começando pelo exercício do direito de voto. Para determinar o caminho a seguir, é o voto livre que decide. Não respondam a uma pesquisa, nem fiquem apenas nas redes sociais”.
Também levando em consideração diversos protestos estudantis ocorridos em 2023, o presidente concordou: "Afirmar os direitos significa prestar atenção às necessidades dos estudantes, que precisam ser ajudados. Seu direito à educação encontra, na prática, obstáculos. Começando pelos custos de moradia nas grandes cidades universitárias; inaceitáveis para a maioria das famílias”.
"Significa tornar efetiva a igualdade entre mulheres e homens: na sociedade, no trabalho, no compartilhamento das responsabilidades familiares", acrescentou.
Para o presidente, afirmar os direitos também significa "não desviar o olhar dos migrantes".
Por fim, Mattarella abordou o tema da inteligência artificial, com suas oportunidades e riscos.
"Agora, com a inteligência artificial que se auto alimenta, está sendo gerado um progresso irresistível. Destinado a modificar profundamente nossos hábitos profissionais, sociais, relacionais. Estamos no meio do que será lembrado como o grande salto histórico do início do terceiro milênio”, afirmou.
“Devemos garantir que a revolução que estamos vivendo permaneça humana. Ou seja, inscrita dentro da tradição de civilização que vê, na pessoa - e em sua dignidade - o pilar inegociável”, concluiu o presidente.
Após a transmissão, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, telefonou ao presidente para expressar “plena concordância sobre a necessidade de apoiar o emprego, garantir salários adequados e assegurar segurança no local de trabalho, bem como um sistema de saúde pública eficiente".
Segundo uma nota do Palazzo Chigi, Meloni também manifestou seu apreço pessoal e o do governo pelo discurso de final de ano dirigido ao povo italiano.
"No decorrer da conversa, Meloni descreveu o discurso do presidente como uma intervenção de grande profundidade e visão, especialmente no caminho em direção à paz e ao fim dos conflitos, e expressou particular gratidão pela atenção específica prestada pelo Chefe de Estado às jovens gerações, às suas necessidades e expectativas”, disse a nota.
"Meloni enviou ao presidente e a seus entes queridos os melhores votos para 2024 e para a continuidade de seu mandato”, concluiu o texto.
(ANSA).