(ANSA) - Na tradicional coletiva de imprensa de fim de ano, realizada nesta quinta-feira (4), a premiê da Itália, Giorgia Meloni, disse considerar “insatisfatórios” os resultados obtidos pelo país no tema da migração.
“Principalmente considerando a quantidade de trabalho que dediquei a esse assunto. Eu acredito que se não tivesse feito isso, as coisas teriam sido muito, muito piores”, disse a premiê.
“Se vocês me perguntarem se estou satisfeita, hoje digo que não. Se me perguntarem se acredito que ficarei satisfeita até o final desta legislatura, continuo trabalhando para isso, é uma das minhas prioridades”, destacou.
Ainda assim, ela acredita que o cenário tenha melhorado: “Estou levemente mais satisfeita com os dados da última porção do ano, que mostram uma queda em relação ao início. Sei que era esperado mais, estou pronta para assumir essa responsabilidade”.
A questão é crucial para a política da Itália, que é a principal porta de entrada na Europa de migrantes forçados pela rota do Mar Mediterrâneo, especialmente através da ilha de Lampedusa.
Desde que ascendeu ao cargo, a primeira-ministra vem implementando medidas controversas sobre o tema, especialmente as que limitam os socorros realizados no mar.
“As novas regras do pacto de imigração são melhores, há um mecanismo sério que responsabiliza os outros países a fazer um trabalho de redistribuição. Os nossos locais de acolhimento estavam cheios. Os outros países haviam bloqueado a possibilidade de redistribuição, agora temos um mecanismo de garantia”, prosseguiu Meloni.
“Mas um pacto não é a solução se pensarmos apenas em gerir os migrantes quando chegam. Existe um grande trabalho que a Itália não pode fazer sozinha, requer todo o G7 e a Europa, pensando que a África, que é um continente potencialmente riquíssimo, e vítima de uma desestabilização”, defendeu.
Ela ainda sustentou a necessidade de aplicar as leis italianas aos presentes no país, independentemente de seus países de proveniência.
“Não se pode considerar que se algo é consentido na cultura do país de onde se emigra, haverá atenuantes sobre determinados crimes, como bater em mulheres. Acredito que é preciso firmeza. Vir para cá é uma escolha livre, as normas do Estado italiano devem ser respeitadas se alguém vem à Itália”, declarou.
Ainda durante a coletiva, Meloni foi questionada sobre a controvérsia despertada por uma declaração da senadora Lavinia Mennuni, sua correligionária no partido Irmãos da Itália (FdI), que disse que "A primeira aspiração das garotas deve ser a maternidade”.
“Não sei dizer se a palavra aspiração está certa, mas posso dizer que como a presidente do Conselho dos Ministros, sou considerada entre as mulheres mais bem-sucedidas da Itália, e se me perguntarem o que eu escolheria entre o papel de premiê e minha filha Ginevra, não teria dúvidas”, disse Meloni.
“Assim como qualquer outra mulher. Porque a maternidade dá uma coisa que nada mais pode presentear. Se o conceito é esse, compartilho. Mas não concordo que a maternidade possa tirar oportunidades”, ressalvou.
“O modelo não sou eu. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia [poder Executivo da UE], sete filhos. Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, quatro filhos. É possível fazer”, elencou.
Para Meloni, a mensagem a ser propagada é a de que não é preciso renunciar a uma coisa pela outra: “O que nós precisamos fazer é construir os instrumentos para permitir isso. Não é por acaso que focamos nas mães trabalhadoras e nos pais em geral”.
“Quero desmontar a narrativa que se você coloca uma criança no mundo, vira reclusa. As mulheres ainda são muito discriminadas pelo potencial de maternidade, nunca aceitarei a ideia de que a maternidade seja inimiga de outras possibilidades. Nada mais dá essa emoção, mas trabalho para dar às mulheres a possibilidade de escolher”, concluiu.
(ANSA).